Título: Suzano tem queda no lucro e vê reação no 2º semestre
Autor: Vieira, André
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2006, Empresas, p. B8

A Suzano Papel e Celulose, cujo lucro no trimestre encerrado em junho recuou 60% para R$ 103,3 milhões, espera um aumento das vendas de papéis no segundo semestre. "O volume de vendas no primeiro trimestre foi muito bom, mas não foi tão bom quanto esperávamos para o segundo", disse o diretor financeiro da empresa, Bernardo Szpigel.

A expectativa da empresa era de um crescimento de 15% nas vendas de papéis, mas o balanço registrou alta de 10,6% na comparação sobre o primeiro trimestre. O executivo atribui o resultado ao "efeito" Copa do Mundo, que paralisou os negócios no trimestre, e ao atraso nas compras do programa do governo federal de livros didáticos, adiadas do segundo para o terceiro trimestre.

Sazonalmente, Szpigel lembrou que a demanda no segundo semestre costuma ser mais forte por conta das compras para cadernos escolares, além da maior demanda em decorrência das eleições. As compras governamentais representam cerca de 80 mil toneladas de papéis, algo como 7% do volume total das vendas de papéis não-revestidos no país. O setor de cadernos representa parcela similar.

No segundo trimestre de 2006, o lucro líquido da Suzano foi afetado pela estabilidade da moeda que praticamente eliminou a receita obtida pela variação cambial. Enquanto o ganho cambial atingiu quase R$ 200 milhões no segundo trimestre do ano passado, o efeito no último trimestre foi de apenas R$ 8 milhões.

"Houve uma estabilidade [do câmbio] em um nível ruim", disse o diretor financeiro. Por outro lado, o resultado contou com a ajuda do resultado da Ripasa, empresa comprada conjuntamente com a Votorantim Celulose e Papel (VCP). A Ripasa também contribuiu com US$ 25 milhões ao lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (lajida), que somou US$ 125 milhões no trimestre. "Anualizando, chega-se a US$ 500 milhões", disse Szpigel. Em 2005, o lajida da Suzano somou US$ 350 milhões.

Em celulose, a empresa continua apostando na perspectiva favorável de aumento de preços aliado à redução dos estoques mundiais da commodity. "Julho normalmente é mais fraco porque é o período de férias no hemisfério Norte, mas as perspectivas continuam favoráveis", disse. As vendas de celulose aumentaram 32% no trimestre, para 159 mil toneladas, mas foram beneficiadas por conta da programação de fretes marítimos.

A Suzano informou que já investiu US$ 310 milhões dos US$ 800 milhões previstos para o ano no projeto de expansão da fábrica de Mucuri (BA). A unidade será ampliada com a adição de uma linha de celulose, com capacidade inicial de produção de 1 milhão de toneladas por ano. Hoje, a Klabin, fabricante de papel para embalagens, divulga seus resultados financeiros do segundo trimestre.