Título: Para o PT, senadora tira votos de Alckmin
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2006, Política, p. A7

O ministro da coordenação política, Tarso Genro, acredita que a candidata do P-SOL à Presidência, Heloisa Helena (AL), esteja roubando votos do candidato tucano Geraldo Alckmin e não do presidente Lula. Para Tarso, esse fenômeno justificaria o crescimento da candidata alagoana, que passou, de acordo com a última pesquisa Datafolha, de 6% para 10% nas intenções de voto.

O ministro da coordenação política não teme a possibilidade de uma decisão da campanha apenas em segundo turno, embora não ache, pelo que vê até

o momento, que esse seja o cenário desenhado. "Eu jamais

disse que esperava uma vitória em primeiro turno. Segundo turno é bom para consolidar as propostas de governo", justificou o ministro.

Tarso garantiu que o PT está tranqüilo, já que, em qualquer um dos cenários, Lula estaria eleito ou disputando o segundo turno. "Oitenta por cento dos votos em Lula estão consolidados, as pessoas sabem as razões do voto", lembrou.

O ministro da coordenação política chegou a ser irônico ao afirmar que, se as projeções de intenção de voto se concretizarem nas próximas pesquisas, não seria exagero imaginar um segundo turno entre Lula e Heloísa Helena, o que é uma preocupação ainda não manifestada entre os tucanos.

"O que seria bom para o país (Lula contra Heloisa Helena). Uma candidatura de centro-esquerda e outra de extrema esquerda fortalecem a democracia", provocou o ministro.

Tarso não poupou críticas aos principais adversários de Lula. Segundo ele, a campanha tucana é ambígua e a do P-SOL não tem clareza de bandeiras e propostas.

"Os tucanos nos acusavam de adotar a mesma política econômica deles e hoje atacam essa política econômica. Criticavam o Bolsa Família e, agora, falam que pretendem ampliá-lo".

No caso do P-SOL, Tarso Genro acredita que os discursos de Heloísa Helena são incongruentes com a postura de um candidato de esquerda. "Como alguém que se diz socialista pode ser contrária às políticas de inclusão, como o Bolsa Família e o ProUni?, perguntou o ministro.

Para o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, que está entrando mais diretamente agora na coordenação da campanha de reeleição do presidente, com a tarefa de mobilizar prefeitos de direrentes partidos, os recentes números da pesquisa Datafolha são muito piores para o tucano Geraldo Alckmin do que para o petista. "Os eleitores desiludidos, que por uma razão qualquer não pretendem reeleger o presidente Lula, migraram suas intenções de voto para Heloísa Helena, não para Alckmin", avaliou Pimentel.

De acordo com o prefeito, com a caracterização cada vez mais concreta da candidatura Alckmin como de direita - principalmente por causa do apoio do PFL - o perfil dos eleitores de Lula e Heloísa Helena ficam muito próximos, o que facilitaria um trabalho de reversão ainda em primeiro turno. Caso isso não seja possível, e o segundo turno torne-se inevitável, Pimentel tem quase certeza de que os eleitores de Heloísa Helena votarão em Lula, não em Alckmin.

O prefeito reconhece que, diante de um candidato que está no cargo e com a máquina administrativa nas mãos, é sempre ruim o desgaste de ter que decidir a eleição em dois turnos. "Não é algo bom, reconhecemos. Vamos trabalhar para que não seja necessário. Mas se for inevitável, estaremos preparados", assegurou.