Título: Lula tenta angariar apoio entre prefeitos
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 20/07/2006, Política, p. A7

O PT e o Planalto querem angariar apoio de prefeitos de diversas legendas - se possível até da oposição - para mostrar a força da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva nas capitais e no interior do país. Um primeiro encontro de Lula com prefeitos, sobretudo das capitais, foi realizado na noite de ontem, em Brasília. O evento reuniu 75 prefeitos de 11 partidos, inclusive 3 do PFL: José Ferreira de Paula, de Itacarambi (MG), Warneillon Braga, de Pirapora (MG), e a prefeita de São gonçalo (RJ), Maria Aparecida Baissinet.

"É a segunda vez que faço um ato de candidatura, e espero que possamos nos reunir semanalmente com prefeitos que queiram nos apoiar. Até porque, a atividade de presidente exige da gente dedicação quase integral. Por isso, a campanha começa a partir de agosto, quando puder viajar mais pelo Brasil", disse o Lula.

Mas o projeto, que está sendo coordenado por prefeitos petistas, é realizar uma grande plenária, em agosto ou meados de setembro, com a participação de cerca de mil administradores municipais.

O comando da campanha de reeleição do presidente Lula espera que, nesta grande plenária, estejam inclusive prefeitos pefelistas e tucanos. "Cá entre nós, tirando César Maia (RJ) e José Serra (SP), qual outro prefeito do PFL ou PSDB pode reclamar?", comentou um dos idealizadores do encontro e prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel.

Pimentel afirmou que a iniciativa do encontro surgiu de uma conversa com o prefeito licenciado de Aracaju, Marcelo Déda, o prefeito de Recife, João Paulo, e o presidente do PT, Ricardo Berzoini. "O presidente Lula é bem avaliado entre os prefeitos. De uma maneira geral, nós obtivemos muito mais avanços em nossa gestão do que durante o governo Fernando Henrique", prosseguiu o petista mineiro.

O prefeito de Belo Horizonte e organizador do encontro - que acabou não participando da reunião de ontem porque teve de viajar para a Argentina - destacou o avanço nas relações entre a União e os municípios nos três anos de gestão petista. "Foi criada uma Secretaria de Assuntos Federativos, vinculada à Casa Civil, e um ministério (Ministério das Cidades) específico para tratar dos problemas municipais", ressaltou. A secretaria dos municípios, antes, estava vinculada à Secretaria-Geral da Presidência da República.

Pimentel adiantou que a plenária dos prefeitos será feita à parte das associações municipais - Confederação Nacional dos Municípios e Frente Nacional dos Prefeitos. "Não queremos partidarizar essas entidades. Nosso movimento deve ser específico", defendeu.

O ministro da coordenação política, Tarso Genro, espera

que o movimento de prefeitos em apoio à reeleição do presidente Lula se amplie para viabilizar a plenária de agosto. "O encontro de hoje (ontem) ainda é pequeno. Optamos por chamar alguns prefeitos simbólicos, de capitais. Queremos costurar um movimento mais amplo", destacou o ministro.

Genro não estranhou a disposição de um prefeito do PDT - Doutor Hélio, de Campinas - de explicitar o apoio à reeleição de Lula. O PDT indicou Cristovam Buarque como candidato à Presidência. "Caso o presidente venha de fato a ser reeleito, queremos ver novamente o PDT em nossa coalização partidária. Com certeza isso tornará o governo mais forte do ponto de vista ideológico", destacou.

O prefeito de Campinas, Doutor Hélio, ressaltou dois pontos que o motivaram a ir a Brasília declarar apoio ao presidente Lula. O primeiro, vínculos pessoais. "Eu sou amigo do presidente Lula há muito tempo e o PT fez parte da coligação que ajudou a me eleger", destacou. "Em segundo lugar, pelo apoio do governo federal a Campinas". Segundo ele, a União liberou recursos para saúde, educação e saneamento na cidade, medidas que, por si só, justificariam o apoio à reeleição de Lula. "Nesse momento precisamos pensar naquilo que é melhor para o Brasil".

Doutor Hélio não se sente incomodado de explicitar apoio a um candidato diferente do apresentado por sua legenda. "Nesta semana, o candidato do PSDB percorreu o interior de São Paulo para angariar apoio de prefeitos pedetistas", reforçou o prefeito. Segundo ele, a tendência em São Paulo é de que a legenda adote uma posição suprapartidária. "Se essa opção for a escolhida no Estado, não vejo porque a mesma prática não seria estendida ao plano nacional", afirmou o prefeito do PDT.