Título: Saulo retoma influência na campanha de Alckmin
Autor: Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 24/07/2006, Política, p. A5

O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, conseguiu recuperar influência na elaboração do programa de governo do candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, depois de uma reunião na sexta-feira com o general Alberto Cardoso, coordenador da proposta para o combate à violência urbana na equipe do programa de governo do tucano.

Desde o começo dos ataques do PCC este ano, Alckmin - ex-governador de São Paulo - manteve pessoalmente reuniões com especialistas críticos da gestão de Saulo, como o ex-secretário Nacional de Segurança Pública no governo Lula, Luiz Eduardo Soares, e o sociólogo mineiro Claudio Beato. Na sexta-feira, além do general, estava presente apenas o coordenador-executivo do programa de governo, o economista Antonio Marcio Buainaim.

"Aqui é um repositório de boas práticas. A equipe que está trabalhando no projeto de governo na área de segurança pública não tem críticas à atuação da Secretaria de Segurança", disse o general, conforme declaração transmitida pela assessoria de imprensa da própria Secretaria. Do modelo de atuação de Saulo, "muita coisa vai ser incluída" no programa de governo.

De acordo com o general, entre as boas práticas das quais São Paulo seria um repositório estariam a integração operacional das polícias Civil e Militar, a informatização dos sistemas de inteligência e o processo de análise e planejamento com base nos indicadores de violência. Na declaração transmitida pela Secretaria de Segurança, o general afirma que Alckmin não se comprometeu com as teses dos especialistas críticos do trabalho de Saulo. "Há várias idéias e análises sendo aprofundadas (...) porque não foram submetidas ao governador Alckmin, não têm aprovação dele ainda", disse o general.

Alberto Cardoso foi chefe da Casa Militar da Presidência no primeiro mandato do governo Fernando Henrique e chefe de Gabinete de Segurança Institucional no segundo mandato. Nesta função, conseguiu controlar a política de Segurança Pública no governo federal, vencendo a queda-de-braço política com o ministério da Justiça. O conflito chegou a provocar a queda de um dos ministros da Justiça de FHC, José Carlos Dias. Cardoso colocou sob sua esfera direta a ação do governo contra o narcotráfico. (C.F)