Título: Controvérsias também na atuação empresarial
Autor: Emílio, Paulo
Fonte: Valor Econômico, 24/07/2006, Política, p. A6

Principal negócio do empresário e candidato a presidente Luciano Bivar, a seguradora Excelsior passou por uma reorganização em 2002 e desde então tenta redirecionar sua atuação, concentrada, até o ano passado, no ramo habitacional. Também faz um trabalho de recuperação de sua imagem, bastante prejudicada há quatro anos por irregularidades que resultaram na imposição de mais de R$ 1 milhão em multas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), além de um processo que se arrasta até hoje no Conselho de Recursos do Sistema Financeiro do Ministério da Fazenda.

As irregularidades - que iam desde atraso no envio de informações obrigatórias à Susep à recusa ou atraso no pagamento de sinistros - foram cometidas por ex-diretores, explica Oldemar Fernandes, diretor-técnico da Excelsior. "Recorremos das multas e a maior parte delas foi revertida", sustenta.

Fundada em 1943, a Excelsior foi comprada por Luciano Bivar nos anos 80. Ele controla a seguradora através de duas holdings, a Brasitec Serviços Técnicos e a Brasipar Participações. Por sua vez, a Excelsior tem a maioria do capital (75%) da Excelsior Med, uma das maiores operadoras de planos de saúde do Nordeste, com 88 mil clientes. Em 1997, Bivar mudou a sede da companhia do Rio de Janeiro para o Recife.

A maior parte do faturamento da Excelsior vem, na verdade, de negócios onde ela atua menos como seguradora e mais como prestadora de serviços: o DPVAT (administrado por um convênio de todas de seguradoras) e o seguro de financiamento habitacional no Sistema Financeiro da Habitação (SFH). O DPVAT respondeu por R$ 17,2 milhões do faturamento de aproximadamente R$ 42 milhões registrado em 2005, segundo dados da Susep e da própria empresa. Já o habitacional, no qual a Excelsior faturou R$ 66 milhões, não entra na contabilidade - a Excelsior é parte de um grupo de empresas credenciadas pela Caixa Econômica Federal para administrar o seguro do financiamento habitacional, apólice de pagamento obrigatório pelos mutuários do SFH que garante a quitação da dívida em caso de morte ou invalidez permanente do titular do contrato. A Caixa tem o monopólio desse seguro.

Em 2004, a Susep obrigou a Excelsior a separar o SFH de seus outros negócios. A seguradora atuava apenas como gerenciadora dos seguros - recolhendo os prêmios e fazendo o pagamento dos sinistros - sem assumir os riscos do seguro, que por lei é de responsabilidade de um fundo específico do Tesouro Nacional - portanto, "inflava" seu faturamento e patrimônio sem a contrapartida da formação de uma reserva para cobrir eventuais sinistros, obrigação legal de todas as seguradoras. Ao retirar essa conta, o faturamento consolidado da Excelsior caiu pela metade em 2005.

Além do SFH, a Excelsior vende seguros habitacionais fora do SFH (para bancos privados), responsabilidade civil (RC) profissional, multirrisco (coberturas patrimoniais para empresas) e garantia de obrigações. Também faz seguros aeronáuticos, acidentes pessoais para clubes de futebol e riscos diversos.

No ano passado, o seguro habitacional fora do SFH respondeu por R$ 7,9 milhões do total de faturamento em prêmios, seguido dos multirriscos empresariais (R$ 6,2 milhões), RC profissional (R$ 3,2 milhões) e garantias (R$ 2,5 milhões). Além da sede na capital pernambucana, a Excelsior tem duas regionais e filiais em Fortaleza, São Paulo, Rio e representações em Salvador e Belo Horizonte. Tem cem corretores ativos e emprega, no total, 65 funcionários diretos.

Fernandes diz que a Excelsior tem perdido espaço no ramo habitacional fora do SFH por causa da forte concorrência com as seguradoras ligadas aos bancos financiadores. Para compensar e não perder o atual aquecimento do mercado imobiliário, a seguradora está investindo no ramo de riscos de engenharia para obras. Não há planos, no entanto, de expansão para fora do Nordeste.