Título: Especialistas no tema criam novo mercado
Autor: Boarini, Margareth
Fonte: Valor Econômico, 25/07/2006, Suplementos, p. F3

A discussão e incorporação do tema diversidade no dia-a-dia do mundo corporativo proporcionou o surgimento de entidades e empresas voltadas para a capacitação e emprego de profissionais para o mercado de trabalho. A importância desse serviço logo foi reconhecida pelas companhias porque elas mostraram ter expertise e sensibilidade não apenas em habilitar um trabalhador para determinado setor da economia, mas identificar dentro de uma empresa qual a melhor vaga que poderia ser ocupada por ele.

Desta forma, o mercado como um todo passou a contar com aliados importantes para o desenvolvimento da área de diversidade dentro do mundo empresarial brasileiro, com a geração de empregos, capacitação de mão-de-obra e conseqüente surgimento de uma nova gama de empresas prestadoras de serviço no país.

Um desses exemplos é a Integrare, uma Organização Não-Governamental, criada em 1999, com o objetivo de gerar inclusão econômica. Como? Através da identificação de empreendedores em situação de exclusão e da promoção de sua qualificação e credenciamento em grandes empresas como fornecedores. Uma das empresas-clientes da Integrare é a DuPont brasileira. Entre seus parceiros também estão IBM, Kodak, Banco Real, entre outras grandes corporações.

"Falta muito pouco para esse medo do novo acabar e todo mundo participar dessa mudança", acredita Silas Cezar Silva, representante da Integrare. Para ele, a grande contribuição desse trabalho é estimular o empreendedor e promover acesso à economia em larga escala. "Negar espaço para diversidade é impedir a geração de bons negócios, é cegueira. A abordagem é sempre pelo lado das oportunidades", diz. Para este ano, Silva projeta negócios de US$ 7 milhões entre os diferentes grupos sociais.

Outro bom exemplo é a Txai, uma consultoria com foco na sustentabilidade e responsabilidade social que atua promovendo a inclusão juntamente também a grandes empresas. Seu diretor Reinaldo Bulgarelli é taxativo. "Foi-se o tempo em que as empresas no Brasil tinham medo de utilizar o termo ação afirmativa. Hoje em dia, diversidade não tem mais cheiro de importação. Já está assimilada e bastante presente. E quando se entende o tema diversidade, ações afirmativas deixam de ser uma imposição", reitera ele, que também é professor da FGV-SP em Princípios e Práticas de Responsabilidade Social Empresarial.

Na avaliação de Bulgarelli, é difícil estabelecer qual perfil de pessoa encontra mais dificuldade de integração no mercado de trabalho. (M.B.)