Título: TIM critica desconto em longa distância
Autor: Fuoco, Taís
Fonte: Valor Econômico, 25/07/2006, Empresas, p. B3

Ao mesmo tempo em que considera "saudável" uma das mudanças nas regras de interconexão, publicadas neste mês, pela qual toda operadora pagará a tarifa em todas as chamadas - as regras anteriores previam que só pagaria aquela que gerasse mais de 55% do tráfego -, a TIM se disse "surpresa" e estuda questionar uma nova regra imposta ao segmento de telefonia móvel: a resolução 438 da Anatel determina que as operadoras de celular concedam às fixas um desconto de 30% no preço da interconexão em ligações de longa distância fora do horário de pico, já que as fixas concedem tal desconto ao usuário final.

Na avaliação de Mario Cesar Pereira de Araújo, presidente da TIM, a regra que prevê que todos paguem interconexão por todas as ligações torna "o tráfego mais sadio e claro entre as operadoras". De qualquer forma, a empresa espera uma certa diluição de sua margem de lucro (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) neste ano, de cerca de 2 pontos percentuais.

No caso da modulação horária, entretanto, que prevê o desconto, Araújo salienta que a regra "não estava nos contratos" de concessão e que, ainda que tenha um impacto previsto de menos de 5% nas receitas da TIM deste ano, será, na avaliação do executivo, "mais um caso de transferência de receita das móveis para as empresas de longa distância".

Por isso, ele afirmou ao Valor Online que a companhia estuda questionar a medida junto à agência reguladora. "Foi uma surpresa, isso não deveria ter sido colocado agora", afirmou.

A interconexão é paga por uma operadora para completar chamada na rede da outra e é alvo de uma série de conflitos entre as operadoras: as fixas acham que pagam demais e as móveis querem reajustar os valores de tempos em tempos.

Desde o início do ano passado, elas deveriam decidir o reajuste dessa tarifa por meio de livre negociação, mas nunca chegaram a um acordo.

A companhia reiterou o programa de investimentos para o país nos próximos três anos, que será de R$ 5,7 bilhões entre 2006 e 2008. Os recursos incluem a entrada na terceira geração, mas a companhia não definiu o montante específico para isso.

De acordo com Araújo, os recursos envolvem também a adequação da companhia às regras Sarbanes-Oxley, o aumento da capacidade da rede e investimentos em melhoria da cobertura, como em estradas, por exemplo.

O presidente da TIM considerou os resultados do segundo trimestre "retumbantes", com a redução do prejuízo líquido para R$ 248,96 milhões, recuo de 25,3% sobre o mesmo trimestre do ano passado, e um aumento de 12% na receita líquida, para R$ 2,32 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações saltou 73,4%, para R$ 500 milhões, o que elevou as margens de lucro da operação em 7,6 pontos percentuais, para 21,5% das receitas.

Segundo o presidente, a companhia viu na notícia da entrada da Vivo no padrão GSM mais uma "oportunidade" que um aumento da concorrência. "Se o cliente vai migrar para o GSM, pode vir para o GSM da TIM", afirmou o executivo. Ele lembra que a Anatel prepara a implantação da portabilidade numérica, serviço com o qual o cliente poderá mudar de operadora e manter o número da linha.