Título: Corrida agora é por dinheiro
Autor: Iunes, Ivan
Fonte: Correio Braziliense, 06/10/2010, Política, p. 7

Com a disputa pelo Palácio do Planalto levada para o segundo turno, Dilma Rousseff e José Serra mobilizam equipes para arrecadar recursos e turbinar as campanhas

Em paralelo à disputa pelo voto de 135 milhões de eleitores, os dois candidatos à Presidência travarão, nas próximas quatro semanas, um embate acirrado por arrecadação de recursos para a campanha. O reforço no caixa será necessário para manter a mobilização das estruturas regionais, em especial nos locais em que a eleição para governador acabou em primeiro turno, e aumentar as equipes responsáveis pela formulação dos programas de rádio e de tevê. Prevista como a campanha mais cara da história, os gastos com a corrida eleitoral de José Serra (PSDB) e de Dilma Rousseff (PT) superam os números de 2006, mas ficam aquém da previsão inicial.

O caixa dos dois principais presidenciáveis no primeiro turno ainda não foi fechado, mas a previsão é que Dilma apresente arrecadação próxima a R$ 80 milhões e Serra, a R$ 45 milhões. As cifras frustraram a expectativa dos partidos, em especial dos tucanos. O PSDB revelou que pretendia recolher e gastar até R$ 180 milhões na corrida pelo Palácio do Planalto. A depender do ritmo dos três primeiros meses de campanha, o número pode não alcançar nem a arrecadação de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2006, quando foram arrecadados R$ 79 milhões.

Para o responsável pelo comitê financeiro tucano, José Gregori, os números foram tímidos por causa do caráter plebiscitário da campanha. Até aqui, a campanha teve pouca política e muito artificialismo. Não teve rua, comício, nada disso. Essa tendência barateou a campanha e diminuiu também o apetite dos doadores, explica. Para tentar reverter o revés financeiro, os principais arrecadadores tucanos estiveram reunidos, na segunda-feira, para discutir uma estratégia mais ousada. Além de Gregori, participaram do encontro o tesoureiro Luís Sobral, o secretário de Cultura de São Paulo, Andrea Matarazzo, o ex-deputado federal Márcio Fortes, o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge, o tesoureiro, Luis Sobral, e o responsável direto pela arrecadação, Sérgio Freitas.

A estratégia agora deve ser buscar também doações de empresários de médio e de pequeno porte. Outros culpados pela baixa arrecadação no primeiro turno, segundo os tucanos, foram os institutos de pesquisa, que cravaram a vitória antecipada de Dilma. Você teve sempre um vencedor, que não fez tanta força porque já havia vencido. E o perdedor que não fez força porque já havia perdido, criticou Gregori.

Lula Entre os petistas, o valor arrecadado foi considerado satisfatório, mas ficou aquém do previsto. A estimativa inicial era de amealhar até R$ 110 milhões somente no primeiro turno. O resultado do comitê financeiro do PT, no entanto, prestará uma receita de 20% a 30% menor do que o previsto. Ainda assim, o valor deve se aproximar da arrecadação da campanha na reeleição de Lula, em 2006, que foi de R$ 81 milhões. A conta ainda não foi fechada porque faltam os valores nos estados, principalmente os repasses aos candidatos a governador. Em relação ao primeiro turno de 2006, nossa campanha ficou um pouco mais cara, se considerada a inflação. Em 2006, arrecadamos cerca de R$ 40 milhões no primeiro turno, mesmo valor arrecadado agora em três meses, comemora o tesoureiro petista, José Fillipi Jr.

Derrotada no primeiro turno, Marina Silva (PV) apresentará no fim do mês uma conta dos valores arrecadados e dos gastos de campanha, bem abaixo do previsto no início da corrida eleitoral R$ 90 milhões. A arrecadação vai ficar longe do teto, não alcançaremos nem a metade, mas não posso dizer que estamos frustrados. O número estabelecido como teto foi alto exatamente para que não o atingíssemos, o que demandaria a convocação de uma nova convenção para aprovar a revisão dos valores, explica o coordenador da campanha verde, João Paulo Capobianco.

"A arrecadação vai ficar longe do teto estabelecido, não alcançaremos nem a metade, mas não posso dizer que estamos frustrados. O número estabelecido como teto foi alto exatamente para que não o atingíssemos

João Paulo Capobianco, coordenador da campanha de Marina Silva (PV)