Título: Conflitos no Rio freiam avanço da campanha de Alckmin no Sudeste
Autor: Junqueira, Caio e Felício, César
Fonte: Valor Econômico, 25/07/2006, Política, p. A6

O Rio de Janeiro é apontado por tucanos e pefelistas integrados na articulação política da candidatura presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB) como o maior problema eleitoral do candidato este ano. No Rio, Alckmin não poderá contar com o empenho dos caciques na mobilização das máquinas regionais, como no Norte e Nordeste. O antagonismo entre o prefeito do Rio, César Maia (PFL) e o ex-governador Anthony Garotinho impediu uma aproximação com o PMDB local, que detém o poder estadual.

Os candidatos a governador alinhados com Alckmin - Denise Frossard (PPS) e Eduardo Paes (PSDB) - somados, contam com cerca de 12% das intenções de voto em pesquisas. Ambos atrás do segundo colocado, o senador Marcelo Crivella, com 20%, que integra o PRB, partido da coligação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, portanto, seu palanque no Rio. Nessa situação, em um provável segundo turno contra o senador Sérgio Cabral (PMDB), que lidera a sucessão com 41% das intenções, os tucanos não teriam palanque para Alckmin no Estado, caso haja disputa com Lula no segundo turno. O ideal para a cúpula tucana era uma aliança com Cabral.

Os aliados do presidenciável jogaram a toalha, pelo menos no primeiro turno: dão como certa uma derrota no Rio, afirmam que nada mais há para se fazer em relação ao terceiro maior colégio eleitoral do Brasil, com 8,6% do total e sugerem que o candidato centre esforços em garantir a adesão do governador mineiro Aécio Neves (PSDB) à campanha de Alckmin, estabelecer alianças com os líderes regionais no Sul e no Sudeste e blindar-se em São Paulo. Se houver segundo turno, as negociações com Cabral devem ser retomadas, já que é grande a possibilidade de haver polarização com o lulista Marcelo Crivella.

No estado em que governou por cinco anos, a avaliação dentro do PFL é que Alckmin perde terreno desde maio, em função dos ataques do PCC. E a vitória do candidato tucano ao governo estadual, José Serra, ainda no primeiro turno, já não parece o cenário mais provável para uma das maiores lideranças pefelistas do Estado, desde a entrada de Orestes Quércia (PMDB) na disputa. Freando a queda e garantindo a vitória no Estado, Alckmin poderia obter pelo menos 10% do eleitorado nacional apenas com votos paulistas, que representam 22,2% do total.

No Paraná, onde os tucanos se dividiram entre o apoio à reeleição de Roberto Requião (PMDB) e uma aliança informal com Osmar Dias (PDT) e o PFL apóia Rubens Bueno (PPS), a avaliação do lado do PSDB é otimista: esta dispersão garante a neutralidade de três candidatos a governador. Em Santa Catarina, a aliança entre tucanos e pefelistas engloba o PMDB e é absolutamente harmônica. No Rio Grande do Sul, a candidatura de Yeda Crusius (PSDB) impediu o apoio de Germano Rigotto (PMDB).

O comportamento de Aécio Neves na eleição ainda é motivo de polêmica na aliança tucano-pefelista. Os articuladores do PSDB garantem que o governador mineiro está mobilizando suas bases para apoiar a candidatura presidencial. Os pefelistas desconfiam, recorrendo a exemplos passados. Em 2002, não houve empenho em Minas a favor da candidatura presidencial tucana de José Serra. Minas representa 10,8% do eleitorado brasileiro.

Dois outros Estados são considerados pelo PSDB como situações não-resolvidas. O Amazonas é um deles. No Estado, o governador Eduardo Braga (PMDB) é favorito e tem o apoio do PT à sua reeleição. A aliança de Alckmin se dividiu com os candidatos Amazonino Mendes (PFL) e Arthur Virgílio (PSDB), ambos senadores e com baixa probabilidade de vitória. Outro é o Rio Grande do Norte, onde o candidato pemedebista Garibaldi Filho é favorito contra a governadora Wilma de Faria, do PSB. Garibaldi está aliado ao PFL, mas desentendimentos locais fizeram com que o os tucanos não participassem da chapa. Assim, Alckmin não tem um candidato a governador no Estado. Além disso, integrantes do PMDB no Estado atuam explicitamente na campanha pró-Lula.