Título: Investimentos em soluções que reduzem custos
Autor: Saraiva, Jacilio
Fonte: Valor Econômico, 26/07/2006, Suplementos, p. F4

Por conta da elevada informalidade na gestão dos negócios e do baixo volume de recursos para investimentos em informática, os pequenos empresários devem destinar suas economias a tecnologias que possibilitem a redução de custos operacionais, elevem ganhos de produtividade e viabilizem a simplificação de suas infra-estruturas produtivas.

Hoje, segundo o Sebrae-SP, 80% das pequenas e micros empresas utilizam softwares voltados ao cadastro de clientes, 70% têm programas para elaboração de documentos e 55% delas aderiram ao controle informatizado de estoque. Mas o que elas vão usar amanhã?

As principais soluções que devem receber atenção, nos próximos anos, são segurança, sistemas de gestão e o VoIP-Voz sobre Protocolo de Internet. Quem garante é Roberto Gutierrez, diretor da consultoria IDC Brasil.

"Soluções de proteção como antivírus, anti-spam e firewall, presentes em grande parte das pequenas empresas brasileiras, com custos relativamente baixos, podem ser acessíveis também para o segmento do comércio", diz.

A IDC também verificou que as empresas de pequeno e médio portes estão investindo fortemente em sistemas de gestão ou Enterprise Resource Planing-ERP. Com a ajuda deles, esperam melhorar o controle de custos e automatizar processos para ganhar eficiência. Devem comprar, ainda, ferramentas de gestão financeira e contábil e, logo depois, soluções para gerenciar a produção e o estoque.

No VoIP, o mote para o investimento é a redução de custos. "A maior parte das companhias substituirá, aos poucos, a estrutura de telefonia", garante o especialista da IDC. Para Eduardo Luis Gallo, diretor da Service IT Solutions, os empresários se comunicarão com fornecedores e clientes em outros Estados gastando muito menos. "E com os equipamentos de rede sem fio não será necessário reformar a loja para instalar fios ou cabos".

Na área de hardware, Gutierrez acredita que os pequenos empreendimentos aumentarão investimentos em micros de mesa e notebooks, atraídos pelos incentivos fiscais surgidos em 2005 e que fizeram com que o preço médio das máquinas caísse. Já os equipamentos para montar uma rede de máquina, os roteadores, serão também procurados para receber as tecnologias de voz sobre IP.

O economista Eduardo Amaral Lyra Neto, consultor em gestão de projetos, acredita que tecnologias como o pagamento de contas via celular podem conquistar o interesse do segmento, por conta da possibilidade de redução dos custos financeiros para os pagamentos via cartões de débito. "Mas é necessário aguardar e verificar se as infra-estruturas das operadoras e a integração das plataformas de software permitirão conexões tão velozes e seguras quanto as disponíveis hoje".

A aposta de Christopher Street, diretor da Trevisan Consult, é na integração dos negócios com os recursos da internet. "Além da automação do ponto-de-venda, toda a administração da empresa deve estar informatizada, com os dados disponíveis eletronicamente", diz.

A idéia é que o comerciante ganhe acesso a ferramentas que não permitem só reduzir perdas, mas modernizar processos, aderindo às compras eletrônicas, leilões reversos e à reposição automática de estoques. "A loja também precisa aparecer na internet para clientes que estiverem procurando produtos e serviços por meio da web".

Segundo Gallo, da Service IT Solutions, cada vez mais os negócios serão fechados por meio de e-mails ou das compras via mouse. "O investimento em banda larga é inevitável e a construção de um site de comércio eletrônico pode trazer resultados importantes".

Eduardo Lyra prevê ainda que os futuros investimentos em tecnologia devem ser influenciados pelas oscilações do nível de crescimento do país e pela baixa disponibilidade de crédito a custos acessíveis. "Apenas a perspectiva de estabilização do crescimento econômico influenciará o pequeno e médio empresário a arriscar uma migração para um ambiente tecnológico mais sofisticado".

Prova disso é a loja de presentes e tabacaria Sikar, no mercado há quase três anos, que decidiu investir em tecnologia apenas quando abriu as portas. "Agora, vamos atualizar computadores e impressoras", diz a proprietária, Marisa Zampini, que fatura cerca de R$ 130 mil por ano.

A próxima preocupação da empresa situada no Itaim Bibi, em São Paulo, é com segurança. A meta é adquirir um sistema de monitoramento a distância, que permite controlar o movimento na loja pela internet, de qualquer lugar.

Já Cláudia Villari, dona da marca Crochetta, que fabrica e vende roupas para o atacado e varejo, pretende adquirir, até o final do ano, um software que controla a sua produção, desde a compra do tecido, até a venda do produto.

"Quando procurei um sistema de produção, senti que os programas são muito complicados para uma empresa de pequeno porte. A alternativa pode ser um software sob medida, feito para atender à necessidades especiais da empresa", diz. (J.S.)