Título: Uma nova campanha
Autor: Tahan, Lilian; Taffner, Ricardo
Fonte: Correio Braziliense, 06/10/2010, Cidades, p. 23

Estrategistas estudam maneiras de não perder votos e ampliar o apoio no segundo turno da disputa. Agnelo buscará a ajuda dos derrotados nas urnas e o reforço de Lula, enquanto o PSC apostará na comparação das administrações de Roriz com a do PT

Mesmo com uma diferença de pontuação considerável entre o primeiro e o segundo colocados na disputa pelo governo do DF, as circunstâncias destas eleições obrigam os candidatos a rever estratégias para o segundo turno da batalha eleitoral. Os grupos de Agnelo Queiroz (PT) e de Weslian Roriz (PSC) têm motivos para encarar as próximas semanas como início de campanha. E é exatamente o que estão fazendo. Com base no mapa das eleições, que revela o desempenho dos oponentes em cada cidade, as coligações estão revisando metas para o 31 de outubro.

Mesmo com uma vantagem de praticamente 17 pontos sobre Weslian, os petistas não subestimam a adversária. Pelo inegável fato de que a ex-primeira-dama manteve a intenção de votos do marido, mesmo com todo o desgaste provocado pela indefinição sobre o registro de sua candidatura e da de Roriz. A autorização veio menos de 24 horas antes das urnas e, mesmo assim, Weslian está no segundo turno. E agora começa a ser trabalhada como candidata de fato e de direito.

Por isso, para o PT não basta manter o patamar dos 48%. É preciso garantir uma margem de segurança. Diferença que os petistas vão buscar entre os eleitores de Toninho e especialmente do PV, de Marina Silva e de Eduardo Brandão. Há uma costura que já começou a ser trabalhada no sentido de amarrar o apoio do Partido Verde com a direção nacional da legenda. No caso do PSol será mais difícil fazer a aliança institucional, uma vez que Toninho tem dito que vai manter a neutralidade. Mesmo assim, estrategistas de Agnelo apostam que há possibilidade de convencer os eleitores do terceiro colocado a votar no PT, pois esse grupo teria em comum com Agnelo a aversão a Roriz.

No segundo turno, o foco se volta para dois candidatos e a diferença entre os adversários se acentua. Uma das apostas de Agnelo na primeira fase da campanha foi a de se colocar como crítico da saúde no DF, prometendo, na condição de médico, tornar-se o secretário dessa pasta em caso de vitória. Assessores de Agnelo avaliam que o tema tem apelo, mas não é forte o suficiente para roubar votos de Roriz. Assim, a política habitacional deve tornar-se o centro do programa petista. A coligação vai enfatizar o compromisso de contemplar 100 mil famílias com o programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida.

Com todas as críticas de uma parte da população que desaprova a política habitacional de Roriz, a doação de lotes é ponto forte do grupo. O antídoto dos azuis para a investida do exército vermelho em território adversário será a comparação das administrações rorizistas com a do PT, que comandou o DF entre 1995 e 1998 e perdeu a chefia do Executivo para Roriz. Contra a tática do inimigo, os petistas querem marcar como ponto de referência o exemplo nacional de Lula, que será chamado para reforçar a campanha no DF, tanto para ajudar Agnelo, como a presidenciável Dilma, que não teve bom desempenho na capital, perdendo na maioria das zonas eleitorais para Marina Silva.

Reuniões internas

Luísa Medeiros Adriana Bernardes

Agnelo Queiroz priorizou ontem os encontros com políticos que podem contribuir para a ampliação do seu eleitorado no Distrito Federal. Presidentes de partidos que compõem a coligação Um novo caminho, além de deputados distritais e federais eleitos ou não, foram mobilizados para participar do projeto, encarado pela coordenação de campanha do PT como uma nova eleição. Weslian Roriz (PSC) passou mais um dia recolhida, participou de reuniões com a coordenação de sua campanha e evitou o contato com a imprensa.

O candidato do PT, por sua vez, continua tendo como uma de suas prioridades a aproximação com os adversários derrotados no primeiro turno, como Toninho do PSol e Eduardo Brandão (PV), do petista. A intenção é puxar os votos de um público que já mostrou nas urnas ser contrário à política rorizista.

O presidente do Partido Republicano Brasileiro (PRB), Roberto Wagner, abriu sua casa no Lago Sul para receber os colegas de coligação. Além das 11 legendas que fazem parte da aliança desde o início, compareceram representantes do PPL e do PSL.

Em uma hora e meia de conversa, que terminou por volta das 10h30, os políticos destrincharam o mapa dos votos para retomar a estratégia de campanha nas ruas. A meta é ampliar a margem nas cidades em que a chapa majoritária não venceu e manter os votos garantidos onde ganhou.

Ao sair do encontro, Agnelo visitou Antônio Reguffe (PDT), o deputado federal proporcionalmente mais votado do país. A população vai decidir, no segundo turno, que imagem de Brasília o resto do Brasil vai ter. Se é a imagem de políticas clientelistas, feitas à moda antiga, ou se querem um novo caminho ético, de correção do gasto do dinheiro público, declarou.

Às 17h14, Agnelo Queiroz deixou o Lake Side rumo ao Gran Bittar hotel, onde dezenas de candidatos eleitos ou não e presidentes de partidos da coligação o aguardavam. A reunião teve dois objetivos claros: agradecer aos aliados e mobilizar a todos para que façam uma campanha maciça até 31 de outubro. A palavra de ordem agora é mobilizar todos os partidos e candidatos porque a virtude dessa grande aliança é a defesa de Brasília, defesa do resgate da cidadania, da esperança, da credibilidade e do orgulho, resumiu Agnelo. O encontro contou com a presença de recordistas de voto como dos deputados Antônio Reguffe (PDT), Paulo Tadeu (PT) e Chico Leite (PT), e dos senadores Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB).

Faltam 25 dias para o 2º turno