Título: Preço em alta da nafta afeta resultado da Copesul
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 28/07/2006, Empresas, p. B14

A Copesul, central de matérias-primas do pólo petroquímico de Triunfo (RS), registrou uma queda de 14,7% no lucro líquido consolidado no segundo trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, para R$ 135,15 milhões. No acumulado do semestre, o recuo foi maior, de 21,5%, para um resultado de R$ 284,42 milhões. Já a receita líquida consolidada cresceu 7,9% de abril a junho, para R$ 1,508 bilhão, e 1,5% nos seis meses, para R$ 2,949 bilhões.

A quarta queda consecutiva do lucro trimestral na relação com o mesmo intervalo do exercício anterior foi provocada pela impossibilidade de a empresa repassar para o eteno, vendido às petroquímicas de segunda geração, a elevação dos custos das próprias matérias-primas, a nafta e o condensado, que têm seus preços diretamente influenciados pelo mercado do petróleo. A cadeia nafta-eteno-polietilenos responde por 71% das receitas da Copesul.

Segundo o diretor financeiro, Bruno Piovesan, houve uma super-oferta de polietilenos (produzidos a partir do eteno) no mercado interno neste ano, o que impediu o reajuste de preços da própria resina e também da matéria prima, já que a Copesul e as empresas de segunda geração trabalham em regime de compartilhamento de margens. A oferta extra deveu-se, de acordo com ele, à entrada em operação da Rio Polímeros, que tem capacidade instalada de 520 mil toneladas anuais. Este fator deve ser "diluído" um pouco no segundo semestre, acredita.

Conforme o executivo, a produção brasileira de polietilenos no primeiro semestre subiu 20%, para 1,146 milhão de toneladas. No mercado doméstico foram vendidas 750 mil toneladas (mais 15%), enquanto as exportações avançaram 8%, para 332 mil toneladas. Com isso, os preços das resinas ficaram estáveis em reais e o eteno vendido pela Copesul subiu 15,6% em dólar, para US$ 1.058 a tonelada, mas caiu 1,7% em reais, para R$ 2.315, devido ao câmbio médio dos dois períodos.

Ao mesmo tempo, as cotações médias na nafta no mercado europeu, que servem de base para o custo do insumo no Brasil, avançaram de US$ 436 por tonelada no primeiro semestre de 2005 para US$ 570 no mesmo período deste ano, com alta de 30,7%, disse Piovesan. Com a conversão do dólar médio para reais a alta foi menor, de 11,1%, para R$ 1.247 a tonelada. Conforme o diretor, o aumento continuou em junho, quando o preço fechou em US$ 615.

As vendas físicas totais de eteno cresceram 6,2%, para 1,444 milhão de toneladas, enquanto as de eteno subiram 5,1%, para 572 mil toneladas. O consumo de nafta e condensado aumentou 6,7% e totalizou 1,852 milhão de toneladas.