Título: Volkswagen não terá direito ao corte de spread
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 28/07/2006, Brasil, p. A3

A Volkswagen, a maior exportadora da indústria automobilística, não estará habilitada à taxa de juros menor para financiamento do BNDES se mantiver o plano de demissões programado para acontecer a partir da próxima semana.

A montadora está prestes a iniciar um programa de enxugamento que prevê a eliminação de 5 mil a 6 mil postos de trabalho até 2008. A primeira fase deve começar na fábrica de Taubaté (SP) já na próxima semana, com a eliminação de 160 vagas.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, região onde deverá se concentrar a maior parte das demissões programadas pela Volkswagen, emitiu uma nota ontem elogiando a medida do governo. "O movimento sindical conseguiu um avanço importante ao fazer o BNDES instituir uma cláusula de contrapartida social em seus contratos de financiamento para o setor industrial", destaca a nota.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, a medida do BNDES mais o pacote cambial anunciado na quarta-feira "vão favorecer bastante os setores que exportam".

A dificuldade para exportar face à desvantagem cambial tem sido apontada pelos fabricantes de veículos como um dos principais motivos para reduzir o número de empregados.

Também a General Motors eliminou 900 vagas na fábrica de São José dos Campos (SP), que a partir da próxima semana passa a funcionar com apenas um turno de trabalho.

A empresa alegou dificuldades para exportar o Corsa, produzido naquela unidade. A direção da GM diz que o volume das suas exportações este ano pode cair até 30% em razão dos últimos reajustes de preços, que provocaram queda nos pedidos do exterior.

Mas, nesse caso, haverá compensação dos cortes em outra fábrica. Segundo anunciou, a General Motors pretende abrir 970 vagas na unidade de Gravataí (RS), onde já é produzido o modelo Celta e onde será feito outro modelo, chamado Prisma.

As recentes argumentações da direção da Volkswagen para justificar os cortes nas suas três fábricas de carros no Brasil indicam que o processo de enxugamento nessa montadora é irreversível, independentemente do que o BNDES oferecer em contrapartida.

Os cortes na Volkswagen podem chegar a 25% do efetivo. A montadora alega que se não reduzir os quadros corre o risco de a matriz não liberar investimentos para projetos de fabricação de novos veículos no Brasil.