Título: Falta estrutura à campanha no Nordeste
Autor: Moreira, Ivana e Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 28/07/2006, Política, p. A5

Enquanto a campanha do tucano Geraldo Alckmin trabalha no detalhamento de um plano de desenvolvimento para a Região Nordeste, a ser lançado em Recife (PE) no dia 4 agosto, o governador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), candidato à reeleição, manifesta preocupação com a falta de material de propaganda eleitoral do candidato a presidente na região.

"As pesquisas mostram grande vantagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Nordeste. Só tem uma coisa que pode melhorar a situação de Alckmin: fazer campanha", disse. Cássio admite seu bom relacionamento com Lula e reconhece que terá votos no Estado de eleitores do candidato petista à reeleição.

O senador Sérgio Guerra (PSDB-CE), coordenador da campanha de Alckmin, admitiu ontem dificuldades na obtenção de recursos para a candidatura. "A arrecadação não está correspondendo", afirmou, sem detalhar as dificuldades. O próprio Alckmin, na véspera, afirmou em Brasília que sua campanha está "apertada" e busca formas de reduzir despesas e aumentar as doações.

Ontem, o governador da Paraíba esteve no comitê nacional de Alckmin e pediu material de campanha a Guerra. Recebeu a promessa do coordenador de que a distribuição deve começar na próxima semana. "A campanha está muito devagar", disse Cássio.

Nem todos os aliados de Alckmin na região acreditam que o lançamento de um plano de desenvolvimento possa resultar em benefícios eleitorais para o tucano. Batizado de "O Novo Nordeste", o plano elaborado pelo comitê tucano prevê a recriação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) como órgão diretamente subordinado à Presidência da República. A Sudene foi extinta no governo Fernando Henrique Cardoso e transformada em agência (Adene), que não funciona.

O conselho político da candidatura Alckmin, integrado em sua maioria por políticos nordestinos - presidentes e líderes do PSDB e do PFL e o presidente do PPS, Roberto Freire (PE) - diz que o governo Luiz Inácio Lula da Silva nunca teve uma política para o Nordeste e faz propaganda de obras inexistentes, como uma siderurgia no Ceará, uma refinaria de petróleo em Pernambuco, a rodovia Transnordestina, a duplicação da BR 101 e a transposição das águas do rio São Francisco.

"Todas essas obras, o presidente Lula cumpriu na garganta, entre elas a promessa de reabrir a Sudene", afirmou Guerra. Segundo ele, o plano compromete-se com as obras que Lula deixou de fazer, "mas com uma perspectiva nova".

Na próxima quarta-feira, haverá nova reunião em Brasília para finalizar os detalhes do plano, que deverá conter metas concretas de ações para reduzir a pobreza e revitalizar o Nordeste. No dia 4 será o lançamento em Recife, com um seminário reunindo políticos, intelectuais e especialistas em políticas sociais.

A Paraíba, segundo o governador, é o Estado onde a eleição estadual está mais "aquecida", por causa da disputa acirrada entre ele e o senador pemedebista José Maranhão. Desde o início da campanha, em 6 de julho, Cássio já fez 28 comícios e teve atividades eleitorais em 39 dos 223 municípios.