Título: País cria 923 mil vagas formais no semestre
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 28/07/2006, Especial, p. A12

A criação de 923.798 empregos formais no primeiro semestre foi 4,39% menor que no mesmo período do ano passado. Apesar desse desempenho, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, continua acreditando que 2006 será melhor que 2005, com o país tendo mais 1,35 milhão de postos com carteira assinada. Ele reconhece que o primeiro semestre foi prejudicado pelo câmbio e pela seca que afetou o setor agrícola, mas está otimista com relação ao segundo semestre. Isso porque o consumo das famílias deverá ser maior, com o pagamento das dívidas nos seis primeiros meses deste ano.

Em junho, o saldo entre contratações e demissões foi de 155.455 postos de trabalho, número 20,49% menor que o verificado em junho de 2005.

O ministro divulgou ontem os números de junho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e chamou a atenção para o "estranho" desempenho do comércio, que foi, segundo sua visão, abaixo das expectativas. No primeiro semestre, o setor criou 71.702 vagas, diante de 133.109 no mesmo período do ano passado. A queda foi de 46,13%. "Nossa fiscalização precisa dar uns beliscões para verificar se está havendo contratação informal ou se é somente ganho de produtividade", afirmou.

No primeiro semestre, o setor que mais contribuiu com a geração de empregos formais foi o de serviços, com saldo positivo de 324.829 postos de trabalho. Apesar disso, o número é 7,48% menor que o do mesmo período de 2005.

Em segundo lugar, veio a indústria, com 214.882 empregos formais criados no primeiro semestre. O crescimento foi de 10,74% em relação aos primeiros seis meses do ano passado. Em junho, os segmentos industriais que mais criaram empregos foram alimentos (12.937), têxtil (3.516), químico (2.156) e madeira/móveis (1.094). Por outro lado, os que mais perderam empregos foram calçados (-835) e borracha/fumo/couros (-794).

A agricultura ocupou o terceiro lugar no semestre. Gerou 191.581 empregos formais, o que significa aumento de 2,17% em relação a igual período de 2005. A construção civil criou 78.916 empregos, o que representa saldo 32,75% maior que no mesmo período do ano passado. Na administração pública, o governo registrou saldo positivo de 26.842 empregos formais, o que mostra estabilidade em relação ao primeiro semestre do ano passado.

As condições macroeconômicas também são positivas para a criação de empregos no segundo semestre, na interpretação de Marinho. As contas externas e a trajetória de queda da taxa de juros são dois exemplos citados. A queda da Selic poderia ter sido maior na opinião do ministro, mas ele reconheceu que a taxa de 14,75% ao ano já é a menor da história e o Banco Central tem todas as condições para continuar a reduzi-la.

No mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a média mensal de criação de empregos formais (de janeiro de 2003 a junho de 2006) é de 103.488 postos de trabalho. O saldo acumulado nesse período é de 4.346.488 empregos com carteira assinada. Segundo as análises do Ministério do Trabalho, o emprego vem crescendo mais no interior que nas regiões metropolitanas. Portanto, Marinho disse que é preciso ampliar o alcance das pesquisas.