Título: Com receita em queda, BrT altera projeções para o ano
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2006, Empresas, p. B3

A Brasil Telecom (BrT), operadora de telefonia que atua no Sul, Centro-Oeste e em parte do Norte, revisou a projeção para sua receita em 2006, após a queda apresentada no segundo trimestre.

O vice-presidente financeiro, Charles Putz, disse ontem que a BrT deverá fechar o ano com receita estagnada. A previsão anterior era de alcançar um "leve crescimento" sobre os R$ 10,1 bilhões contabilizados em 2005.

A operadora divulgou anteontem o balanço do segundo trimestre, no qual apresentou receita líquida de R$ 2,45 bilhões, com redução de 2,9% frente aos meses de abril a junho do ano passado. O lucro líquido subiu de R$ 69 milhões para R$ 105 milhões.

A queda concentrou-se na receita de telefonia fixa, refletindo uma tendência no setor. Os principais fatores de pressão, segundo Putz, foram a migração do tráfego dos telefones fixos para os celulares e a substituição do acesso à internet em linha discada pela banda larga (que não é cobrada por pulsos).

No entanto, o executivo destacou que a Copa do Mundo - ao desacelerar as atividades das empresas - também teve efeito negativo no tráfego. "Esse impacto foi maior do que nós havíamos antecipado", disse, em entrevista à imprensa.

A diminuição da receita foi maior do que a prevista por analistas, e as ações da empresa fecharam o dia em queda na Bovespa.

Felipe Cunha, da corretora Brascan, projetava até um pequeno aumento nas vendas. "Antes, a BrT havia informado que a queda na telefonia fixa seria mais do que compensada pelas áreas de dados e telefonia móvel. Mas isso não está acontecendo", ressaltou.

O faturamento de telefonia fixa ficou 9% abaixo da estimativa feita pela Merrill Lynch. Num relatório, o analista Maurício Fernandes observou que houve fatores sazonais - como feriados e o mundial da Fifa. Porém, avaliou que a recuperação da receita é improvável, dado o reajuste negativo de tarifas anunciado em julho.

A BrT não foi a única operadora a apresentar faturamento menor. No segundo trimestre, a Telemar apurou vendas de R$ 4,06 bilhões, com redução de 1,5% sobre o mesmo período do ano passado. A Telefônica, que atua em São Paulo e é a única das três a constituir uma empresa pura de telefonia fixa, obteve crescimento de 2,1% na receita, que ficou em R$ 3,6 bilhões.

O vice-presidente da BrT disse que a companhia manteve a estimativa de encerrar o ano com margem operacional (medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) de 34%, apesar de não ter alcançado esse patamar no primeiro semestre. "Será um desafio muito grande."

A BrT também revisou os investimentos programados para 2006. No início do ano, a operadora anunciou que pretendia desembolsar entre R$ 2,3 bilhões e R$ 2,5 bilhões. No primeiro trimestre, baixou esse número para R$ 2,1 bilhões. Agora, fala em R$ 1,9 bilhão.

Putz explicou que não se trata de uma revisão nos projetos, mas de usar menos recursos para executá-los. Ele apontou três razões para isso. Uma delas é a renegociação dos contratos com fornecedores feita pela administração que assumiu a BrT após o afastamento do Opportunity do comando da empresa. Outra são ganhos de eficiência. O terceiro motivo é o real mais apreciado do que o previsto, o que se reflete no preço de equipamentos importados.