Título: Resultado no Brasil tem queda de 45% no trimestre
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2006, Empresas, p. B6

A Arcelor Brasil registrou no segundo trimestre deste ano um lucro líquido de R$ 509 milhões, valor 45% menor que os R$ 920 milhões apurados no mesmo período do ano passado. O resultado, entretanto, não frustrou a direção do grupo. Pelo contrário. "Foi melhor do que esperávamos, achávamos que a geração de caixa seria até menor", comentou o diretor de Relações com Investidores, Leonardo Horta. A geração de caixa operacional (lajida) do trimestre foi de R$ 1 bilhão.

O executivo ressaltou que a comparação com o segundo trimestre de 2005 não é adequada, uma vez que trata-se de cenários de mercado muito distintos. De lá para cá, os preços do aço caíram e os custos de matérias-primas subiram. Nas placas de aço, por exemplo, a queda de preço foi de cerca de 25%. No minério de ferro, insumo básico para a siderurgia, o custo subiu 19%. Além da queda dos preços do aço e da alta dos custos de matéria-prima, distorce a comparação entre os dois períodos o efeito da valorização do real em relação ao dólar. Segundo Horta, a comparação com o trimestre anterior (janeiro a março de 2006) é uma análise mais realista, com números satisfatórios.

Em relação aos primeiros três meses do ano, o lucro líquido do segundo trimestre foi 59% superior. No primeiro trimestre, o resultado ficou em R$ 321 milhões. A receita líquida, que na comparação do mesmo período do ano passado caiu 9%, superou em 5% os números do primeiro trimestre de 2006. A receita líquida total do período foi de R$ 3,46 bilhões.

A holding Arcelor Brasil reúne as siderúrgicas CST, Vega do Sul, Belgo Mineiro, no Brasil, e Acindar, na Argentina. Segundo Horta, os ganhos com a sinergia entre as empresas somaram R$ 163 milhões no primeiro semestre, indicando que a meta de R$ 350 milhões no ano deverá ser alcançada.

Os resultados da Arcelor Brasil, de modo geral, foram considerados positivos pelos analistas. No boletim distribuído pela corretora Ativa, os analistas destacaram a melhoria no mix de produtos do grupo, com crescimento das vendas de laminados a frio e galvanizados, de maior valor agregado.

Controlada pela Arcelor, a siderúrgica Acesita, maior fabricante de aços especiais do pais, registrou lucro líquido de R$ 112,8 milhões, também muito abaixo do resultado do mesmo período do ano passado, que foi de R$ 188,4 milhões. "Para um ano que se previa de baixa no ciclo da siderurgia, consideramos um resultado excepcional", disse o diretor financeiro, Gilberto Audelino Correa. O lajida do período atingiu R$ 205,7 milhões, pouco abaixo dos R$ 208,4 milhões registrados no primeiro trimestre de 2005. "Essa geração de caixa é mais significativa que o lucro líquido na análise do trimestre."

Segundo Correa, comprometeram o resultado líquido questões como variação cambial e alta do preço do níquel, que representa 22,8% do custo total do aço inoxidável, carro-chefe da Acesita.