Título: Bom desempenho nos EUA faz lucro da Gerdau subir 6%
Autor: Goulart, Josette
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2006, Goulart, Josette, p. B7

O desempenho positivo na América do Norte compensou a contribuição negativa das operações brasileiras sobre vendas físicas, receita, geração de caixa e resultado e permitiu ao grupo Gerdau ampliar em 6,2% o lucro líquido consolidado de janeiro a junho, em comparação com o mesmo período de 2005, para R$ 1,8 bilhão. O faturamento bruto consolidado cresceu 0,7%, para R$ 13,48 bilhões (61% por conta das exportações brasileiras e vendas das operações no exterior). A receita líquida subiu 2,2%, para R$ 11,51 bilhões.

No segundo trimestre, o lucro líquido foi de R$ 975,9 milhões, 9,3% superior ao anunciado um ano atrás. Entre abril e junho, a geração de caixa medida pelo conceito lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações) foi de R$ 1,41 bilhão, 7,8% maior que o período anterior.

"Operacionalmente os patamares não mudaram muito, mas o lucro deles veio bom. Os preços melhoraram bastante", disse um analista de uma corretora, que pediu para não ser identificado.

A produção de aço bruto aumentou 10,4% no semestre, para 7,72 milhões de toneladas, e a de laminados avançou 17,4%, para 6,28 milhões de toneladas. Já as vendas consolidadas subiram 9,6%, para 7,44 milhões de toneladas, sem contar as operações entre controladas e coligadas.

Os investimentos alcançaram US$ 1,1 bilhão, incluindo as aquisições da Siderperú (Peru), dos 40% da Corporación Sidenor (Espanha) e das americanas Sheffield Steel, Callaway Building Products e Fargo Iron and Metal. Segundo o vice-presidente executivo de finanças, Osvaldo Schirmer, de 2006 a 2008 a Gerdau aplicará US$ 3,8 bilhões em projetos de expansão e manutenção para elevar a capacidade instalada de 19 milhões para 22 milhões de toneladas anuais de aço bruto e de 15,4 milhões para 18 milhões de toneladas de laminados. Novas aquisições estão excluídas deste orçamento.

As operações do Brasil responderam por 41,4% das vendas físicas consolidadas, mas com um volume (3,08 milhões de toneladas) 5,4% menor do que no mesmo período do ano passado. As vendas domésticas cresceram 12,1%, para 1,95 milhão de toneladas, e devem fechar o ano com alta de 10% em aços longos - que respondem por mais de 70% dos negócios - em comparação com o acumulado de 2005, prevê Schirmer. As exportações, porém, recuaram 25,5%, para 1,13 milhão de toneladas.

De acordo com Schirmer, a queda dos embarques ao exterior deveu-se ao redirecionamento das vendas para o mercado interno, que foi puxado pelo setor da construção civil. Outro motivo foi a retração dos preços internacionais (com exceção dos Estados Unidos, atendidos por unidades locais), que só apresentaram reação a partir de maio e devem se manter aquecidos até o fim do ano. Como conseqüência desse cenário, as exportações renderam US$ 533 milhões no semestre, 23,7% a menos do que nos primeiros seis meses de 2005.

No total, a receita líquida das operações brasileiras recuou 12,9%, para R$ 4,64 bilhões. A geração de caixa no conceito lajida caiu 22,2%, para R$ 1,4 bilhão, e o lucro líquido encolheu 7,5%, para R$ 1,17 bilhão, mas ainda assim o equivalente a 64,7% do resultado consolidado do grupo.

Segundo Schirmer, além do efeito das exportações, o desempenho das unidades do Brasil foi afetado pela venda de produtos de menor valor agregado e pelo aumento das despesas administrativas, como serviços de consultorias e escritórios de advocacia envolvidos nas aquisições. Outro fato, disse: os preços internos do aço não são reajustados desde 2004.

Com isso, a expansão do lucro consolidado deveu-se principalmente a ganhos obtidos na América do Norte, onde o resultado líquido subiu 30,9%, para R$ 470 milhões, explicou o executivo. Com a demanda regional aquecida, os preços locais do aço subiram 5% no semestre e 7% no segundo trimestre e tende a permanecer estável no resto do ano, inclusive com a possibilidade de ampliação das margens a se confirmar a trajetória da redução dos custos da sucata.

Os preços mais elevados e o aumento das vendas físicas na América do Norte em 9,5%, para 3,52 milhões de toneladas, também compensaram o efeito da valorização cambial na conversão para reais da receita líquida obtida na região, que subiu 1,5% e alcançou R$ 5,47 bilhões. A Sidenor também contribuiu com receita de R$ 417 milhões e um lucro de R$ 46 milhões, enquanto as operações sul-americanas (exceto Brasil) apresentaram alta de 81,1% nas vendas líquidas, para R$ 980 milhões, e de 55,1% no resultado, para R$ 121 milhões. O grupo explicou que a consolidação das usinas Diaco e Sidelpa, na Colômbia, só ocorreu no quarto trimestre de 2005.

Na Bovespa, as ações da Gerdau subiram 3% e contribuíram para a alta de 1,22% do Ibovespa ontem.