Título: Bertin inicia internacionalização
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2006, Agronegócios, p. B12

O Bertin assumiu esta semana o frigorífico Canelones, no Uruguai, mais um passo em seu plano estratégico para avançar no mercado internacional de carne bovina. O segundo maior exportador brasileiro do produto fechou a aquisição do Canelones em julho passado, por US$ 35 milhões. "A aquisição é um passo estratégico e faz parte de um projeto de cinco anos do Bertin de crescer no mercado mundial de proteínas animais", afirma Marco Bicchieri, gerente de exportação do frigorífico.

Como antecipou o Valor, o Bertin decidiu investir no Uruguai porque o país é habilitado a exportar carne bovina in natura para mercados como Estados Unidos e Canadá, para os quais o Brasil ainda não vende por conta de restrições sanitárias.

Além disso, o Uruguai já vende carne industrializada para a Coréia do Sul e está em processo de aprovação para exportar carne in natura para aquele país. "O Uruguai é aprovado para mercados que nenhum outro país do Mercosul exporta", ressalta Bicchieri. Outro atrativo é que esses mercados pagam preços elevados pela carne bovina, acrescenta o executivo do Bertin.

A possibilidade de reduzir o risco sanitário também contou na hora da aquisição do frigorífico uruguaio, já que em caso de um problema sanitário no Brasil, o Bertin poderia exportar a partir de sua planta uruguaia. "O Uruguai tem um bom plantel de gado e um bom sistema sanitário", observa Bicchieri. O país tem um rebanho estimado em cerca de 12 milhões de cabeças.

A aquisição do Canelones, quinto maior exportador de carne bovina do Uruguai, deve ampliar em aproximadamente US$ 80 milhões, ou 10% , o faturamento da divisão de alimentos do grupo Bertin, estima Marco Bicchieri. O grupo Bertin, que atua em carne bovina, higiene, limpeza, couro e equipamentos de segurança e infra-estrutura, deve faturar R$ 4,2 bilhões este ano (11% mais que em 2005), 45% disso com exportações. No primeiro semestre deste ano, o grupo exportou US$ 395 milhões. A empresa não divulga a receita de cada uma de suas divisões.

O Canelones, que exportou US$ 45,3 milhões no primeiro semestre deste ano, é um passo importante na internacionalização do Bertin, mas conforme Bicchieri, a empresa está "atenta a oportunidades em outros países".

Segundo o executivo, a planta do Canelones, na cidade do mesmo nome, tem capacidade de abate de 900 animais por dia e receberá investimentos em ampliação e modernização. A unidade produz cortes in natura, carne cozida enlatada e carne cozida congelada. "Temos linhas complementares", afirma ele. Além de Canadá e Estados Unidos, o Canelones também exporta para países da Europa, da África e do Oriente Médio.

O gerente de exportação do Bertin acrescenta que a aquisição do Canelones também proporcionará ao frigorífico brasileiro a oportunidade de conhecer o mercado americano e canadense para carne in natura. "Quando o Brasil for habilitado, já estaremos preparados", diz.

O frigorífico Canelones pertencia à família Ameglio até 2002, quando foi adquirido pelo empresário Richard D. Spradling junto com o grupo IFP - International Food Packers Corp, que no mês passado vendeu o negócio para o grupo brasileiro.