Título: Cartão de débito cresce e já é a 2ª opção de pagamento
Autor: Júnior, Altamiro Silva
Fonte: Valor Econômico, 03/08/2006, Finanças, p. C3

O cartão de débito já é a segunda opção de pagamento para os consumidores, revela uma pesquisa da MasterCard. O dinheiro ainda é o preferido. O levantamento conclui que os cartões de débito, que hoje somam 180 milhões de plásticos, têm potencial para crescer mais 60% no Brasil.

Segundo Erick Luiz, diretor de produtos da MasterCard, alguns resultados da pesquisa surpreenderam. Ao contrário do que se esperava, a maior parte das pessoas (86%) sabe o que é um cartão de débito e para que é usado. A pesquisa, conduzida pela InterScience, ouviu 2 mil pessoas em nove cidades (principais capitais e Ribeirão Preto, no interior do Estado de São Paulo).

Outra surpresa foi o alto uso do cartão. Quando perguntados sobre qual a primeira opção de pagamento, 60% responderam o dinheiro. Já quando a pergunta era sobre a segunda opção, 44% disseram usar o cartão de débito.

A pesquisa identificou que a população bancarizada no país é de 50 milhões de pessoas. Destas, 27 milhões têm cartões de débito. Além disso, o levantamento dividiu os entrevistados em três classes: afluentes (alta renda), emergentes (classes B e C) e esforçados (classes C e D).

A conclusão é que a classe emergente é onde o uso do produto é maior e pode crescer ainda mais. Na classe alta, por exemplo, que representa 9% da pessoas que têm o cartão de débito, o uso do plástico é de 5,6 vezes ao mês. Na classe média, que representa 56% dos usuários do débito, usa-se o cartão 3,7 vezes ao mês. Segundo Luiz, apenas se a classe emergente usasse mais o cartão de débito, nos padrões da classe mais alta, o mercado poderia crescer 60% em transações. "Embora o crescimento tenha se desacelerado nos últimos meses, o potencial para continuar crescendo é enorme", diz.

No geral, há grande concentração nos gastos. Só 13% dos usuários do débito são responsáveis por 40% dos gastos feitos com este tipo de meio de pagamento. Já outros 40% dos usuários de mais baixa renda respondem por somente 8% dos gastos.

A pesquisa também aponta que o índice de ativação dos cartões de débito é maior do que se esperava, de 54%, ao contrário dos números comentados pelo mercado, de 20%. Isso porque a pesquisa avaliou a ativação por pessoa, e não pelo número de cartões emitidos. "Normalmente a pessoa recebe dois ou três cartões e acaba ativando um", diz.

Alguns fatores, porém, acabam inibindo um uso maior dos cartões de débito. Entre eles, está o temor da perda de controle dos gastos, as taxas cobradas pelos bancos e o hábito de utilizar outras formas de pagamento, como o cheque. Segundo Luiz, promoções dos bancos para determinados públicos podem ajudar a derrubar esta última barreira. Sobre as taxas, muitos entrevistados não sabem o que é cobrado, nem quais os valores.

Sobre a rede de aceitação dos plásticos, não há muito para onde crescer: 49% dos entrevistados disseram que a rede atual já é suficiente; outros 36% dizem que queriam ter as máquinas leitoras dos cartões (o POS) nas padarias, bares e lojinhas de bairros onde moram.

O uso do débito não reduz o uso do cartão de crédito. Ao contrário, a pesquisa descobriu que em um cartão que tenha as duas funções (crédito e débito), o uso do crédito é 12% maior do que em um plástico apenas de crédito. A pesquisa da Mastercard foi apresentada no I Congresso Brasileiro de Meios Eletrônicos de Pagamento, que começou ontem e se encerra hoje.