Título: Vale defende plano ambicioso para Usiminas
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 04/08/2006, Empresas, p. B6

Às vésperas de entrar para o bloco de controle da Usiminas, a Companhia Vale do Rio Doce tem a empresa como "prioridade absoluta" no seu projeto de fomentar a expansão da siderurgia nacional e consequentemente o crescimento das vendas de minério de ferro. Gabriel Stoliar, diretor-executivo de Planejamento e Gestão da mineradora, informou ontem, durante entrevista sobre o balanço da companhia, que o crescimento da demanda mundial por placas de aço é de 15 a 20 milhões de toneladas/ano, nos próximos três anos.

"Este espaço pode ser ocupado pelo Brasil, com a Usiminas liderando o processo e implantando uma grande usina de placas, antes que chineses, russos e indianos o façam", disse Stoliar. A Vale pretende ser sócia da nova usina, com uma participação entre 10% e 25%.

Na avaliação de fontes próximas da Vale, a decisão de priorizar a Usiminas passa pela sua entrada no bloco de controle da siderúrgica. O plano da mineradora é dar sustentação para a Usiminas se transformar na maior do setor no país e também se internacionalizar, deixando de ser alvo de consolidadores internacionais para ser uma futura consolidadora.

As negociações com os sócios controladores da Usiminas para sua efetivação no bloco de controle estão chegando ao final, depois de quase um ano de discussões. "A ponte aérea Rio-Tóquio anda muito movimentada", insinuaram os interlocutores, numa alusão aos acertos em curso com a Nippon Steel, maior acionista isolada da Usiminas, com 18% do capital.

Além dessa operação, a mineradora vem trabalhando na sua diversificação para se tornar grande também na área de não ferrosos. No resultado semestral da companhia, a participação dos não ferrosos na receita é de 9,1%, ante 47,6% de ferrosos, 18% de alumínio e 17,2% de logística.

Na área de níquel, um dos focos da Vale, o projeto de Vermelho teve recentemente sua licença prévia aprovada pela Coema, órgão ambiental do Pará, faltando apenas sua emissão. O projeto de Onça Puma, também no Pará, obteve o licenciamento para instalação, falta apenas obter o de operação. A demora na aprovação da licença ambiental de Vermelho atrasou o projeto em um ano, destacou o diretor de Planejamento e Gestão da Vale.

Com seus estudos de viabilidade provados, a Vale está dimensionando o valor total do investimento nos dois empreendimentos, estimados em US$ 2,3 bilhões. Em outubro, a Vale já terá a estimativa final desse valor, incluindo aí o impacto das sinergias no investimento dos dois projetos.

Devido ao atraso do cronograma de Vermelho, a Vale está redesenhando a cronologia dos dois projetos. Onça Puma está mais adiantado e, em princípio, a mineradora trabalha com sua implantação e entrada em operação no final de 2008 ou início de 2009.

O projeto de Vermelho deverá produzir 40 mil toneladas/ano de níquel metálico. Já Onça Puma terá capacidade de 60 a 65 mil toneladas/ano, conforme estudos da Canico, ex-proprietária da mina. Na sua primeira fase, em 2008, a produção está prevista em 35 mil toneladas. Em 2010, chega a 60/65 mil toneladas/ano. Stoliar lamentou que a questão ambiental continue atrasando os projetos, pois se perdem "janelas de oportunidade de preço" no mercado.

Na área de cobre, o projeto de Sossego, primeiro a entrar em produção também na província mineral de Carajás, produziu 52 mil toneladas e embarcou 175 mil toneladas no primeiro semestre do ano. A mina do projeto de cobre 118 está com seu cronograma atrasado por causa da licença ambiental. O desenvolvimento do projeto deve começar em abril de 2007, com aportes de US$ 232 milhões. A Vale está tocando também o projeto de cobre de Salobo. A companhia está construindo uma unidade hidrometalúrgica de escala industrial pequena, para processar o minério do cobre com impurezas, como é o caso de Salobo. A unidade entra em operação no primeiro semestre de 2007.

O projeto de carvão de Moçambique deve ser aprovado pelo conselho de administração da Vale em novembro. O projeto está estimado em US$ 1 bilhão.