Título: Lula comemora aprovação do projeto
Autor: Juliano Basile
Fonte: Valor Econômico, 23/12/2004, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva agradeceu, ontem, aos parlamentares pela votação das Parcerias Público-Privadas (PPP) e, num discurso improvisado, fez uma avaliação otimista da economia para 2005. Lula falou durante o anúncio, no Palácio do Planalto, da construção de uma fábrica de poliéster em Pernambuco. Ele agradeceu ao presidente do grupo italiano Mossi & Ghisolfi, Marco Ghisolfi, responsável pela obra, à Petrobrás, que estuda uma parceria com o grupo e, subitamente, lembrou-se da aprovação da PPP no Senado e da votação do orçamento de 2005. "Obrigado, Marco. Obrigado à Petrobras. E, sobretudo, aos deputados, que tiveram um ano exitoso e eu espero que ainda estejam aqui para completar a obra, votando o orçamento até o dia 30. Mas eu estou muito feliz porque ontem o Senado votou o projeto de PPP, a Câmara vota ainda por esses dias", disse Lula. Pouco antes, o presidente disse, num tom de desabafo, que acabou o terrorismo econômico no Brasil: "Eu penso que o terrorismo, feito durante 2001 e 2002, desapareceu do cenário. Os números da economia com que nós vamos terminar o ano são os melhores, alguns dos melhores dos últimos dez anos". A fala do presidente foi motivada pelo empresário Marco Ghisolfi que fez uma análise das possibilidades de investimentos no Brasil antes e depois das eleições de 2002. O empresário contou que, quando o grupo entrou no Brasil, em outubro daquele ano, Lula era pouco conhecido no exterior e não foi fácil convencer a comunidade norte-americana a investir no Brasil. "Desde então, este país passou por um tremenda virada: a inflação e o déficit público estão sob controle, a moeda está forte, o PIB cresce constantemente e a reputação do Brasil na comunidade financeira internacional está no auge histórico", afirmou Ghisolfi. Lula agradeceu: "No que depender da nossa vontade, nós vamos fazer com que ninguém, nunca mais, tenha medo de fazer qualquer investimento no Brasil". O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, foi mais cauteloso. Ao traçar perspectivas para 2005, ele disse que o país precisa de maiores investimentos na área de infraestrutura para não comprometer o ciclo de crescimento iniciado em 2004. "Acho que o entusiasmo do presidente Lula encontra correspondência no ânimo, no espírito, dos agentes econômicos. Mas, se não houver investimento em infraestrutura teremos um limite físico a este crescimento. É fundamental destravar esses investimentos para garantir que este ciclo seja sustentável nos próximos anos", disse o presidente da CNI. Outro problema, para Monteiro Neto, é o déficit nos Estados Unidos. "Não sei se as condições externas serão tão favoráveis em 2005. Acho que a elevação da taxa de juros nos Estados Unidos, a manutenção dos déficits comerciais naquele país podem comprometer a nossa economia".