Título: Suplicy impede que Delcídio seja oficializado como líder da bancada no Senado
Autor: De Brasília
Fonte: Valor Econômico, 23/12/2004, Escola Bem Me Quer, p. A7

A bancada do PT no Senado confirmou ontem que o novo líder do partido na casa será Delcídio Amaral (MS). A escolha oficial só se dará em 14 de fevereiro, a pedido do senador Eduardo Suplicy (SP), o único que ontem não declarou o voto a Delcídio Amaral. Suplicy tinha a pretensão de se lançar líder do partido em 2006, mas foi preterido pela bancada. Essa era uma estratégia do petista para alavancar sua reeleição ao Senado em 2006. Há uma articulação em curso para eleger a senadora Ana Júlia Carepa (PA) a líder após o mandato de Amaral. "Eu gostaria de conhecer melhor o Delcídio", disse o senador Suplicy. O escolhido pelo PT para ocupar a liderança é um neopetista, que possui ótimo relacionamento com o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu. Suplicy sinalizou que gostaria de ver maior envolvimento de Delcídio com causas sociais históricas do PT, como o debate sobre a renda básica de cidadania. "Vou dar meu livro pra ele. Ele prometeu ler tudo", contou o senador petista. Delcídio Amaral foi um executivo bem sucedido do setor elétrico, já tendo ocupado o cargo de secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia. Já passou pela Petrobras, Eletrobras, Vale do Rio Doce e Shell. Na avaliação do governo, é um parlamentar bem preparado, com ótimo trânsito no PFL e PSDB. Ou seja, um líder com capacidade de apagar incêndios na oposição. Além de Suplicy, dois senadores do PT tentam a renovação do mandato em 2006: Tião Vianna (AC) e Roberto Saturnino (RJ). A Tião Vianna será oferecida a vice-presidência do Senado a partir do ano que vem, para dar mais visibilidade ao parlamentar. Os petistas sugeriram a Suplicy ocupar a presidência de uma das comissões permanentes, a de Assuntos Sociais ou Fiscalização e Controle. "Querem me casar mas não perguntaram se eu aceito essa noiva", brincou o senador. Pedra no sapato do próprio PT, Suplicy anunciou ontem que vai apresentar na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado um requerimento convocando o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para explicar tudo e mais um pouco sobre a política monetária e cambial do país. "Está na hora de o ministro Palocci vir à CAE. Com três meses consecutivos de aumento na taxa de juros não há taxa de desemprego em queda que resista", disse