Título: 2º turno, novas estratégias
Autor: Oliveira, Noelle
Fonte: Correio Braziliense, 05/10/2010, Cidades, p. 25

Depois de avaliar o desempenho nas cidades do DF, Agnelo Queiroz e Weslian Roriz devem buscar votos em território adversário. Enquanto o PSC aposta no reforço das qualidades da candidata, o PT terá o apoio do presidente Lula e de Dilma Rousseff

Como num jogo de estratégias, os candidatos que se enfrentarão no segundo turno vão investir na conquista do território adversário. O mapa com o desempenho dos concorrentes serve como base para montagem das táticas de campanha. Agora, os candidatos sabem exatamente as cidades onde tiveram bom desempenho e as regiões onde precisam conquistar adesões. Weslian Roriz (PSC) vai ser preparada para superar o próprio marido nos redutos onde o ex-governador sempre foi bem votado. E Agnelo (PT) se esforçará para crescer no quintal do inimigo.

O petista teve desempenho melhor que o de Weslian Roriz em 18 das 21 zonas eleitorais. Teve mais votos que a ex-primeira-dama em Brazlândia, Planaltina e Taguatinga Norte, suas três melhores performances. Nas três zonas que reúnem votos da Ceilândida, Agnelo venceu. No maior colégio eleitoral do DF, a coligação Um Novo Caminho investiu pesado. Durante os três meses de corrida eleitoral, Agnelo visitou a cidade em, pelo menos, dez oportunidades. Abriu e fechou a campanha nessa região.

Com o mapa de desempenho dos candidatos, os grupos de Roriz e Agnelo começaram a traçar as estratégias para as próximas três semanas. Os rorizistas avaliam que têm chance de melhorar em todas as cidades porque nesta segunda fase da campanha estão livres das pendências jurídicas. Tratam a questão como se Weslian estivesse começando agora, já que ela teve apenas uma semana de campanha e 24 horas de registro no TRE desde a desistência do marido até o último domingo.

Um dos nomes mais próximos a Roriz, o presidente do PSC, Valério Neves, diz, no entanto, que a aposta será a de construir uma nova candidata, reafirmando os atributos que o grupo considera positivos, como a vinculação com as realizações do marido aliada à imagem de uma mulher religiosa, voltada para família, sensível e sem máculas judiciais até agora. O objetivo é que ela supere a votação de Roriz em todas as zonas onde ele já era vitorioso, disse Valério.

Risco Em tese, Agnelo Queiroz só precisa manter o que conquistou até agora. Mas numa eleição de segundo turno, onde todas as atenções estão voltadas de forma igualitária para dois candidatos inclusive com o mesmo tempo de televisão para cada um , representa um risco descuidar do rebanho. Em áreas como Itapoã, Paranoá, Varjão, Recanto das Emas e Samambaia, onde Roriz é muito forte, a coordenação da campanha do petista acendeu o sinal vermelho. Os petistas sabem que nessas regiões é preciso de ajuda federal. Os locais carentes, que concentram a população de baixa renda, são o forte da política de Lula e agora de Dilma, a quem Agnelo vai recorrer. O fortalecimento da campanha no DF também é importante para a presidenciável do PT. Ela teve 31,74% dos votos na capital do país, enquanto Marina Silva (41,96%) e José Serra (24,30%), ou seja, os adversários dela, levaram dois terços do eleitorado.

Crescer no campo de Roriz não é tarefa fácil. O ex-governador é festejado nas cidades onde Weslian foi mais bem votada. Criou boa parte delas. Foi ele quem legalizou a expansão do Paranoá, idealizou Samambaia e o Recanto das Emas. Trata-se de eleitores que acompanham Roriz em todas as eleições.

Recomeço Um dia após o pleito, a ex-primeira-dama ficou recolhida em casa. Não recebeu visitas e se dedicou a reuniões internas. Optou por não dar entrevistas. O candidato do PT, Agnelo Queiroz, aproveitou a ressaca eleitoral para descansar e não seguiu à risca uma agenda oficial de atividades. Passou parte da manhã de ontem recluso em casa com a família, no Setor de Mansões do Lago Sul. No início da tarde, o candidato do PT participou de uma reunião num hotel no Setor Hoteleiro e Turístico Norte (SHTN).

Por volta das 15h30, passou no cemitério do Gama para acompanhar o funeral de uma ex-colega de trabalho. Depois, Agnelo participou de uma grande reunião com a coordenação de campanha para definir estratégias do segundo turno. O petista deverá voltar às ruas amanhã, com uma caminhada na Rodoviária do Plano Piloto, marcada para as 16h. À noite, o candidato falou com o Correio. Confira a seguir.

O número 4.288 Total de votos dos candidatos ao GDF Rodrigo Dantas (PSTU), Frank Svensson (PCB) e Ricardo Machado (PCO)

Quatro perguntas para Agnelo Queiroz

Líder da coligação petista, o candidato Agnelo Queiroz entrou no segundo turno com a meta de não perder a vantagem conquistada na primeira fase da campanha. Uma de suas estratégias será a de buscar votos entre os eleitores de Toninho do PSol e Eduardo Brandão (PV). Confira a seguir o que falou Agnelo.

Qual a estratégia para o segundo turno? Com esse mapa de votação na mão, vamos cobrir as áeras em que tivemos mais dificuldades e reforçar os locais onde ganhamos. Nosso objetivo é manter a votação expressiva que tivemos, sinal da vontade de mudança do povo. Pretendo ampliar o apoio também entre os eleitores das coligações que não chegaram ao segundo turno.

O senhor vai pedir apoio a Toninho e Brandão? A campanha tinha três candidaturas com perfil de oposição, todas com suas peculiaridades, mas dispostas a interromper 14 anos de projeto político esgotado, de desorganização, da corrupção e da falta de planejamento. Vou procurar tanto o eleitorado de Toninho quanto o de Eduardo Brandão.

Weslian tornou-se candidata uma semana antes da eleição. O senhor teme o crescimento dela? Roriz está fazendo campanha desde o primeiro dia. Ele tenta enganar a não sei quem. O eleitor votou no número e na foto dele. Quando ficar claro quem é o candidato e a manobra do ex-governador, então a coligação adversária perderá votos. Daqui para frente, as pessoas entenderão que votaram em um preposto de Roriz.

Existe chance de crescimento onde Roriz e, agora, Weslian lideram? Claro que sim. A população precisa de mais que um lugar para morar. Está muito claro que as pessoas desejam emprego, saúde, qualidade de vida, futuro melhor para os filhos, escolas técnicas. Percebi isso conversando com as pessoas.