Título: TSE divulgará 1ª prestação de contas
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 04/08/2006, Política, p. A8

A primeira prestação de contas dos candidatos será divulgada no domingo e revelará a dificuldade dos partidos em arrecadar recursos. Em São Paulo, as doações obtidas pelo PT, PSDB e PMDB ficaram abaixo da expectativa. Para tentar aumentar o caixa, o PT tentará arrecadar hoje R$ 2 milhões, no segundo segundo jantar para arrecadar fundos para a campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com o objetivo de atrair empresários, o jantar petista no Jockey Clube de São Paulo será mais caro do que o "frango com polenta" em São Bernardo do Campo, em julho: R$ 2 mil cada um dos mil convites, ante os R$ 200 dos 2,7 mil convites vendidos anteriormente, que renderam ao caixa do PT cerca de R$ 490 mil, já descontados os custos do organização do evento.

Os responsáveis pelas tesouraria da campanha do presidente Lula (o ex-prefeito de Diadema José de Filippi Jr.) e do senador Aloizio Mercadante (José Baccarin) para o governo paulista não quiseram divulgar o valor arrecadado, tampouco o que foi gasto. O teto de gastos declarado por Lula no Tribunal Superior Eleitoral é de R$ 89 milhões e de Mercadante, R$ 35 milhões.

No PMDB, o deputado Marcelo Barbieri, tesoureiro da campanha de Orestes Quércia para o governo de São Paulo, também evitou falar em números, mas reiterou as dificuldades. "Essa campanha é bem pé no chão, 100% austera", comentou. "No comitê de campanha, temos todo material publicitário, como cartazes, panfletos e adesivos. Mas são muito poucos".

A expectativa do PMDB é conseguir até o fim da campanha entre de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões, quantia inferior aos R$ 30 milhões registrados como teto no TSE.

A arrecadação financeira da campanhas do PSDB à Presidência, com Geraldo Alckmin, e ao governo do Estado de São Paulo, com José Serra ficou aquém do previsto.

Um dos responsáveis pela tesouraria da candidatura de Serra, o ex-ministro José Gregori, disse que a campanha estadual arrecadou R$ 3,2 milhões, montante quase todo já gasto em material publicitário, viagens, eventos e despesas com a equipe de campanha, com cerca de 15 pessoas. A expectativa dos coordenadores da campanha de Serra era de doações 2,5 vezes maiores do que as recebidas. O teto de gastos de Serra declarado ao TSE é de R$ 45 milhões. "É uma campanha espartana, que pretende ser contida nos gastos", disse Gregori.

Na análise feita por Gregori, presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, o fato de Serra estar na frente nas pesquisas não aumenta as doações. "Para efeito de arrecadação, acaba sendo contraproducente. Os empresários podem pensar: já que está tão bem, não precisa de tantos recursos", afirmou.

A dificuldade na arrecadação também é relatada por interlocutores da campanha do tucano Geraldo Alckmin à Presidência. Tesoureiro do diretório estadual paulista, Marcos Monteiro resumiu: "Não está impossível, mas também não está fácil".

A prestação de contas que será publicada no domingo, em um site criado pela Justiça Eleitoral, não obriga os candidatos a divulgar o nome dos doadores e os respectivos valores doados não é obrigatória nesta declaração.