Título: Programa para o NE critica 'obras virtuais'
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 04/08/2006, Política, p. A9

Tendo como abre-alas a recriação da Sudene, o candidato tucano a presidente, Geraldo Alckmin, lança hoje no Recife o programa "Novo Nordeste", no qual deve se comprometer a tratar a região como uma questão nacional e não apenas regional. A exemplo do que tem repetido sobre as obras do governo Lula no Nordeste, Alckmin deve dizer que Sudene, em seu governo, não será um órgão virtual, que não saiu do papel, mas uma agência com a visão de Celso Furtado, estruturante, um efetivo instrumento de desenvolvimento.

Com o programa, Alckmin pretende diminuir a grande vantagem eleitoral que Lula apresenta no Nordeste, segundo as pesquisas. Para o candidato do PSDB, a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste do governo Lula é uma Sudene de papel, que não tem uma única ação para mostrar. Os recursos para a região teriam sido sempre alocados e contingenciados. Alckmin deve também prometer uma inversão na politica do Banco do Nordeste (BnB), que estaria atuando com uma lógica bancária e não desenvolvimentista.

"Nos preocupa o fato de o Nordeste manter um crescimento menor do que a média brasileira, quando é necessário o contrário", disse Alckmin. "A Sudene vai ser recriada como uma grande agência de fomento, mas com o estabelecimento de metas a serem cumpridas nas áreas social e econômica. O objetivo será fazer com que a região se desenvolva acima da média nacional para diminuir as desigualdades sociais do país", afirmou o candidato, segundo a Agência Tucana.

Segundo apurou o Valor, não se trata de um programa detalhado de governo para a região, aponta caminhos para a construção do "Novo Nordeste". Para o tucano, Lula não tem uma política de promoção de desenvolvimento para o Nordeste, apenas medidas pontuais e emergenciais. Ele promete fazer uma inflexão nessa política, que deixaria de ser emergencial e passaria a ser permanente e estruturante.

Alckmin deve citar o ex-senador alagoano Teotônio Vilela, que é patrono do PSDB, que sempre afirmava: "Enquanto o Nordeste for tratado como problema, ele não terá solução". Isso para justificar a afirmação segundo a qual o Nordeste não é um problema regional e dos nordestinos, mas de todo o país, enfim, um projeto de Nação.

A questão da água deve merecer um destaque especial no programa "Novo Nordeste", com o argumento de que sem solucionar o problema de abastecimento de água não há programa de desenvolvimento que seja viabilizado. Um insumo essencial, na visão do programa. A contenciosa transposição do rio São Francisco entra no documento. A crítica dos tucanos é que a transposição não se viabilizou porque Lula nunca enfrentou o contencioso entre os Estados. O documento prevê a revitalização do rio São Francisco.

Alckmin deve propor a extensão das melhores experiências em vários Estados nordestinos. Outro aspecto a ser destacado pelo candidato são as obras paralisadas na região. "Estive em Petrolina (PE) e vi que muitos canais estão prontos, mas não recebem água por causa de obras paralisadas no valor de R$ 10 milhões, R$ 12 milhões", disse.