Título: Congresso tem 131 pré-candidatos
Autor: Exman ,Fernando
Fonte: Valor Econômico, 03/04/2012, Política, p. A12

A cerca de cinco meses para as eleições municipais, 129 deputados e dois senadores lançaram pré-candidaturas para o pleito. Os números não são definitivos, pois as candidaturas terão ainda de ser formalizadas pelos partidos à Justiça Eleitoral em junho. A estatística mostra, entretanto, os movimentos das legendas para se fortalecerem nos principais colégios eleitorais do país com vistas à disputa de 2014. Essas pré-candidaturas servem ainda de trunfo para os partidos nas negociações de chapas com seus aliados e espaços na máquina pública federal.

Na Câmara, os partidos que mais têm pré-candidatos são PMDB e PSDB. Ambos contam com 20 deputados cada nesta etapa preliminar da disputa. Em seguida, estão PSB (14), DEM (13) e PT (13). O PSD, partido recém-fundado que tenta firmar-se na cena política enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não define seus recursos do fundo partidário e tempo de propaganda em rádio e televisão, tem por enquanto dez pré-candidatos em sua bancada na Câmara.

No Senado, por ora, há apenas duas pré-candidaturas confirmadas: Cícero Lucena (PSDB-PB) e Inácio Arruda (PCdoB-CE), que pretendem concorrer às prefeituras de João Pessoa e Fortaleza. As informações, que foram apuradas junto às lideranças partidárias no Congresso Nacional e assessorias de partidos e parlamentares, indicam ainda as dificuldades que os articuladores políticos do governo terão para conciliar os interesses da base aliada e como a oposição está dividida em alguns centros urbanos estratégicos.

"O PMDB é o maior partido em termos de prefeituras, e queremos manter essa base sólida", comentou o líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN). "Normalmente, esses deputados [que disputam eleições municipais] já foram prefeitos, são nomes fortes e ajudam a eleger outros prefeitos em suas regiões." O partido tem como uma das principais metas em 2012 manter-se com o maior número de prefeituras no país.

As articulações para a formação das alianças partidárias ainda estão em andamento. Por isso, em muitos casos as legendas lançam pré-candidaturas para negociar espaços nas chapas e no governo. A profusão de pré-candidaturas em algumas capitais é outro sintoma desses movimentos.

A Prefeitura de Salvador, por exemplo, é uma das mais disputadas. Oito deputado lançaram pré-candidaturas visando as eleições da cidade, número que deve sofrer uma consolidação nos próximos meses. O DEM quer que o PSDB retire a pré-candidatura do deputado Antonio Imbassahy e reforce a chapa de Antonio Carlos Magalhães Neto. Em São Paulo, o deputado licenciado Rodrigo Garcia é pré-candidato, mas tenta na verdade viabilizar-se para ser o vice do ex-governador José Serra.

A eleição paulistana também tem sido usada como moeda de troca no campo governista. Enquanto o PR lançou a pré-candidatura de Tiririca, o aspirante a candidato do PDT é Paulo Pereira da Silva. O nome de Tiririca surgiu depois que o governo Dilma Rousseff recusou-se a devolver o controle do Ministério dos Transportes para o PR. Já o PDT pressiona o Executivo a definir o sucessor de Carlos Lupi no comando do Ministério do Trabalho.

Outro exemplo da aposta dos partidos na força política dos deputados é o caso do Rio de Janeiro. Os deputados Otávio Leite (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM) já lançaram pré-candidaturas para a eleição carioca, na qual o prefeito Eduardo Paes (PMDB) é o favorito.

Manaus é também um dos principais focos dos parlamentares. Atualmente, deputados do DEM, PT, PR, PP e PTB pretendem disputar as eleições. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) não é pré-candidata, mas seu grupo político ainda cogita pressioná-la a ir para a disputa. Outro cotado para entrar em campanha era o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), que distanciou-se desse projeto desde que assumiu a liderança do governo no Senado.

Segundo o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), um dos aspectos que os senadores levam em conta para concorrer nos pleitos municipais é o tempo restante de mandato. Diferentemente da Câmara, onde os deputados têm quatro anos nos cargos, no Senado o candidato é eleito para um mandato de oito anos.

"Eu acho que só há justificativa para essa disputa nas capitais, como é o caso do Cícero [Lucena], porque são cidades importantes para o projeto de nação em 2014", disse o tucano. "No início de um mandato de senador é mais complicado justificar uma candidatura. O Aloysio [Nunes Ferreira], por exemplo, seria um candidato ótimo em São Paulo, mas como é que vai justificar? Você se elege senador e imediatamente já vai disputar a prefeitura?", indagou. Os mandatos de Lucena e Arruda expiram no início de 2015.