Título: Para Cunha, dívida indexada à Selic é "aberração"
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 08/08/2006, Finanças, p. C2
O Brasil é o único país do mundo que tem a maior parte da dívida interna indexada às taxas de juros pós-fixadas e isso é uma "aberração", no entender do diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Paulo Vieira da Cunha. Segundo ele, mudar a estrutura da dívida interna para taxas prefixadas é um dos principais desafios do país.
Ele não considera, no entanto, que isso será um empecilho para o Brasil conseguir uma elevação em sua nota de crédito externo e continuar trilhando seu caminho rumo ao "grau de investimento", selo de investimento não especulativo das agências de rating. No seu entender, as agências de classificação de risco de crédito querem ver se o próximo governo brasileiro estará mesmo comprometido com o ajuste fiscal atual e irá continuar a manter estável a relação entre a dívida líquida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB).
Por isso, ele não considera prudente neste momento focar a discussão no déficit fiscal nominal. "Se o Banco Central precisar por hipótese em alguma data no futuro subir os juros haverá um impacto na dívida interna e o Tesouro precisa responder prontamente e aumentar o superávit primário para manter a relação dívida/PIB", disse.
Segundo ele, o impacto da política de aumento dos juros básicos americanos na redução na liquidez internacional será sentido daqui para frente, principalmente no primeiro semestre do ano que vem, com menor fluxo de recursos para os mercados emergentes. Neste momento, ele não vê pressão no câmbio no Brasil nem risco de aumento na inflação. (CPL)