Título: Empréstimos têm forte retomada
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Fonte: Valor Econômico, 08/08/2006, Finanças, p. C3

Uma importante retomada de empréstimos bancários está a caminho nas economias emergentes. A avaliação é do Banco Internacional de Compensações (BIS), com base na expansão real de 10% a 40% nos créditos em vários países em 2005. No Brasil, o crédito bancário ao setor privado cresceu 19,7%, comparado a 1,4% no período 2000-2004. Segundo o BIS, vários fatores favorecem os empréstimos nos emergentes: forte crescimento, excesso de liquidez nos sistemas bancários, refletindo até recentemente condições globais e monetárias domésticas mais favoráveis e reestruturação bancária.

No entanto, o setor empresarial - historicamente o mais importante componente dos ativos dos bancos - vem reduzindo a demanda por crédito bancário em muitos países. Na Ásia, esses empréstimos caíram 20% do Produto Interno Bruto (PIB) entre 1997 e 2003. Na América Latina, o declínio foi de 10% do PIB no mesmo período.

As empresas aceleram a diversificação de suas fontes de financiamento em praticamente todas as regiões. Na Ásia, o lançamento de obrigações aumentou de quase 20% do PIB em 1999 para 30% em 2003. Na América Latina, cresceu inclusive o acesso ao mercado doméstico de obrigações.

Por outro lado, as instituições financeiras aumentaram os empréstimos pessoais, mas os expõem a novas formas de riscos. Segundo o BIS, bancos em vários países estão transferindo parte dos riscos cambiais e de juros para os clientes através de crédito com taxa flutuante ou denominado em moedas estrangeiras.

Os economistas do banco estudam ainda a transformação dos sistemas bancários nos emergentes com a privatização, consolidação e entrada de bancos estrangeiros. A constatação é de que houve mais eficiência e o desempenho melhorou, aparentemente graças a mais concorrência. A presença de bancos estrangeiros é predominante na Europa do Leste e no México. Na América Latina, os estrangeiros asseguravam 42% dos empréstimos bancários em 2004, comparado a 34% cinco anos antes. Em todo caso, os bancos estrangeiros continuam a levantar preocupações políticas em vários países, pela percepção de altos ganhos e dificuldade de supervisão porque os objetivos de suas matrizes e o fluxo de informações nem sempre coincidem com o país hospede.

O estudo mostra que vulnerabilidade macroeconômica, particularmente a choques externos, se reduziu nos emergentes. Mas chama a atenção para certos desafios, como mais efetiva gestão de riscos e treinamento "adequado" de supervisores bancários. (AM)