Título: Queda do compulsório reduziria juro
Autor: Carvalho, Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 08/08/2006, Finanças, p. C8

A pouca receptividade no governo da proposta de redução dos recolhimentos compulsórios dos bancos desanimou o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano. Segundo o banqueiro, há vários fatores que sustentam os juros elevados, "mas, com a redução do compulsório, poderiam declinar mais rapidamente", afirmou, ontem, Cypriano, que também preside a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Cypriano argumentou que o quadro econômico atual e a estabilidade de preços já permitiriam uma redução do compulsório, que foi elevado em outro momento. Atualmente, os bancos têm que recolher 45% dos depósitos à vista ao Banco Central. Além do compulsório, citou a cunha fiscal como um dos fatores que maior peso no spread dos bancos.

Segundo o banqueiro, há várias linhas de crédito cujos custos já recuaram bem. "Existem várias carteiras que não o cheque especial ou o cartão de crédito que são baixos". No Bradesco, exemplificou, entre junho de 2005 e junho passado, a taxa de financiamento de veículos recuou de 30% para 27% ao ano nas agências e de 36% para 28% ao ano na Finasa, que atende os não clientes. O consignado para aposentado vai de 1,75% ao teto de 2,84% ao mês. Já o crédito pessoal custa 74% ao ano na rede de agências, em comparação com 85% um ano atrás.

A esperada mudança nas regras de contabilização das cessões de carteiras de crédito não deve afetar o apetite da instituição, disse Cypriano. Desde a quebra do Banco Santos, o Bradesco vem adquirido carteiras de bancos médios. Somente no crédito pessoal são oito "parceiros" dos quais o banco adquiriu R$ 594 milhões. A carteira mais volumosa adquirida de terceiros é a de crédito consignado concedido a aposentados e beneficiários do INSS, no montante de R$ 2,168 bilhões. Além disso, o Bradesco comprou R$ 1,073 bilhão de financiamento de veículos, 8% do total dessa carteira.(MCC)