Título: Gol amplia operação na América do Sul
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 08/08/2006, Empresas, p. B3

Em franca expansão e aguardando a chegada de mais 11 aeronaves até o fim do ano, a Gol prepara a inauguração de duas novas rotas internacionais para as próximas semanas. Os vôos para Santiago, no Chile, têm estréia marcada para a segunda quinzena de setembro, disse ao Valor o vice-presidente de marketing e serviços da companhia, Tarcísio Gargioni. Estão previstas três freqüências diárias, todas com escala em Buenos Aires, na Argentina, "a princípio".

Até o fim do ano, disse o executivo, é provável que tenham início os vôos diretos São Paulo-Santiago. Com a parada em Buenos Aires - será apenas escala, sem troca de avião -, o número de freqüências diárias com destino ao aeroporto portenho de Ezeiza subirá de três para cinco.

Em outubro, a novidade deverá ser a inauguração da linha São Paulo-Lima, com um vôo por dia, sem escalas. A Gol estuda a possibilidade de estender alguns vôos de Santiago a Lima, e vice-versa, podendo até mesmo recolher passageiros locais. As duas capitais deixaram de ser atendidas pela Varig e o plano da VarigLog, nova controladora da Varig, ainda não contempla a retomada desses destinos.

Hoje, a única companhia nacional a fazer essas rotas é a TAM. No caso de Lima, a empresa tem um acordo de compartilhamento com a companhia aérea centro-americana Taca. A OceanAir também pretende voar até o fim de 2006 para a capital peruana.

Gargioni explicou que, apesar da demanda aquecida, a expansão das rotas internacionais é um processo menos ágil porque depende da criação de uma empresa no país de destino, convênios com bancos e cartões de crédito locais, além da contratação de pessoal nativo. "Os trâmites realmente são mais lentos", afirmou o diretor.

Segundo ele, a Gol chegará a dezembro com 62 aeronaves. Hoje, são 51. Todo o reforço será de modelos Boeing 737-800.

Em resposta às insinuações de que as tarifas aéreas têm aumentado em decorrência da crise da Varig, Gargioni assegurou categoricamente que os preços de passagens não subiram.

Para provar a sua argumentação, ele apresentou os números mais recentes que constam do balanço da companhia. O "yield" - indicador que mede o preço médio da tarifa por passageiro - da Gol caiu no primeiro semestre deste ano, apontou o diretor. De R$ 0,25 por quilômetro voado nos seis primeiros meses de 2005, baixou para R$ 0,24 em 2006.

Em uma comparação de médio prazo, os dados são ainda mais claros, argumentou o executivo da aérea. Em 2000, o "yield" da aviação comercial como um todo estava em R$ 0,48, em valores reais, corrigidos pelo IGP-M. "Não existe nenhum setor no Brasil que tenha crescido 60% nos últimos cinco anos, com queda de preços", afirmou Gargioni.

Segundo ele, a Gol não promoveu nenhum aumento de preços em julho nem diminuiu o número de assentos classificados em posições tarifárias mais baratas ou promocionais.

Para o executivo, os passageiros tiveram a impressão de que os bilhetes subiram de valor porque a demanda é maior em julho e as viagens de turismo de lazer - em alta no período por causa das férias escolares - geralmente são marcadas com antecedência. Ou seja, os bilhetes com tarifas mais baratas acabam sendo comprados mais cedo, deixando o cliente de última hora com a sensação de preços mais altos. "Isso foi mais sentido neste ano por causa da crise da Varig. Mas tenho certeza de que essa percepção vai diminuir agora em agosto", concluiu.