Título: Fundadores decidem antecipar processo de sucessão do grupo entre 12 herdeiros
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 08/08/2006, Empresas, p. B7

Grupo familiar, de capital fechado, o Queiroz Galvão já definiu, com seus fundadores ainda vivos, os rumos do processo sucessório da primeira para a segunda geração do conglomerado. Há dois anos, João Queiroz Galvão e Antonio Queiroz Galvão, ambos na casa dos 80 anos, contrataram consultoria para tratar da partilha entre os 12 herdeiros, sendo 4 filhos de João Queiroz Galvão (um homem e três mulheres) e sete homens, da parte de Antonio Queiroz Galvão e mais um sucessor indireto.

"Nossa preocupação em antecipar a sucessão no grupo é porque vamos passar de dois sócios para 12, o que mexe bastante no poder de decisão ", afirma João Queiroz Galvão, vice-presidente do conselho consultivo. A idéia é fazer uma "passagem de bastão" com os 12 futuros acionistas ainda na presença dos fundadores, para garantir a continuidade futura dos negócios.

"Comparo isso a uma corrida de bastão. Temos que começar a sucessão mais cedo, pois a qualquer hora que a gente soltar o bastão, a corrida não vai sofrer nenhuma disfunção de continuidade, pois a velocidade com que eles estão correndo é a mesma em que a gente vinha e a mesma que a gente desejava", ensina João Queiroz Galvão.

O modelo sucessório adotado redesenhou a arquitetura organizacional do grupo abrindo seis subholdings sob o guarda-chuva da holding Grupo Queiroz Galvão S/A. "Eu ( João) e Antonio passamos para o conselho de administração e colocamos em cada uma dessas subholdings dois sucessores na direção geral. As mulheres ficaram excluídas do operacional, mas participam do conselho de família", explica. "Na realidade, não temos nenhum presidente em nenhuma das empresas", esclarece.

O desenho de gestão descentralizada é fortalecido pelo acordo de acionistas. Foram distribuídas participações societárias exatamente iguais de 9% no capital do grupo para onze herdeiros diretos e, de 1% para um herdeiro indireto, perfazendo os 100% do capital total. Com essa partilha, os fundadores acreditam que poderão evitar conflitos entre os sucessores.

O conselho de acionistas ou conselho de família, do qual participam também as três herdeiras, fica no topo da pirâmide organizacional, acima da holding e do seu conselho de administração. A função dessa junta familiar é a de referendar (ou não) tudo o que o conselho de administração propuser a nível de investimento. "Qualquer proposta de aquisição ou de desinvestimento no grupo terão que ter o aval do conselho de familia, pois o patrimônio é de todos", garantiu João Queiroz Galvão.

Ele se confessa satisfeito com o modelo sucessório escolhido para sua empresa, que vem sendo seguido à risca, e admite que ele e o irmão (Antonio de Queiroz Galvão) hoje já abriram mão do leme da companhia. Estão apenas assistindo e acompanhando os seus filhos administrarem o conglomerado. "Na prática, a administração já é deles".

O grupo Queiroz Galvão vai permanecer com capital fechado. Duas razões sustentam a decisão. Alegam não necessitar de recursos do mercado de capitais e não pretendem perder sua autonomia na gestão da empresa. "Agregar novos sócios leva a perda de liberdade que a família tem na tomada de decisões", diz João Queiroz Galvão, contando com a concordância de seu filho Ricardo Queiroz Galvão. (VSD)