Título: Montadoras mantêm ritmo de crescimento acelerado
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 08/08/2006, Empresas, p. B8

Superar recordes se tornou uma rotina para a indústria automobilística este ano. O mês passado foi o melhor julho em volume de produção de veículos da história do país. O acumulado nos sete meses também foi maior do que em todos os períodos iguais dos anos anteriores.

Apesar disso, o setor se queixa que o volume de exportações está caindo, apesar do crescimento da receita em dólares. Os números acumulados indicam a necessidade de alguns ajustes para elevar os cálculos para o ano. Mas os representantes da indústria ainda não refizeram as previsões.

A produção total está dentro das expectativas de crescimento de 4,5% em 2006 - até agora houve crescimento de 4,4%. Com os 222,4 mil veículos produzidos em julho, o acumulado soma 1,523 milhão.

Já o ritmo do mercado interno indica que o resultado do ano deverá ser superior aos cálculos feitos até agora. A previsão da indústria era chegar a um mercado interno de 1,8 milhão de unidades. Mas a cinco meses do término do ano, as vendas já somam 1,027 milhão. O crescimento previsto pelo setor para o ano era de 7,1%. Até agora acumula crescimento de 9,4%.

O faturamento com exportações esperado para o ano era de US$ 11,5 bilhões. Já está em US$ 6,6 bilhões. Esse acumulado representa um avanço de 6,8% . A previsão inicial era de avançar somente 2,7% na receita com vendas externas este ano.

Apesar de faturar mais com as vendas externas, o setor reclama da queda nos volumes embarcados. Houve um recuo de 4,2% na quantidade de veículos exportados de janeiro a julho e de 5,1% na comparação do mês passado com igual período em 2005.

Isso se deve, alerta o setor, aos reajustes de preços no mercado externo, decorrentes da necessidade de compensar a valorização do real. "Estamos aumentando os preços dos carros exportados, o que resulta em rejeição por parte dos compradores", diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb.

Ao divulgar os resultados de julho, ontem, a direção da Anfavea mostrou à imprensa um quadro comparativo entre os setores exportadores. Golfarb disse que a indústria automobilística está em desvantagem em relação aos produtores de minério de ferro, soja, petróleo, álcool e material de transporte porque esses itens registraram crescimento nos volumes, além de aumento de receita.

Em meio às queixas em relação ao mercado externo, os fabricantes de veículos comemoram o ritmo do mercado interno. Este foi o melhor acumulado do ano desde 1997 para o mercado doméstico. Golfarb aponta um conjunto de fatores favorável à compra de veículos zero-quilômetro: taxa de juros em queda, estabilidade econômica, taxa de risco baixa, inflação sob controle e expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 3,6%.

Além disso, em julho, as concessionárias receberam clientes que, supõem os dirigentes do setor, não foram às compras no mês anterior por conta dos jogos da Copa do Mundo.

A média diária de veículos que passaram pelo licenciamento - 7.896 unidades - aumentou 11,7% em julho na comparação com o mês anterior. Está ainda 19,5% acima do registrado no ano passado. O ritmo das linhas de montagem também cresceu 5% na comparação entre o mês passado e julho de 2005. Foram produzidos 10.590 veículos por dia, cerca de 500 unidades mais do que há um ano.