Título: Planalto quer ver vice-presidente do BB demitido
Autor: Simão ,Edna
Fonte: Valor Econômico, 10/04/2012, Política, p. A7

Um pouco mais de três meses depois da saída do vice-presidente de Atacado, Negócios Internacionais e Private Bank do Banco do Brasil, Allan Toledo, evidenciar a disputa de poder entre a cúpula do banco e da Previ, a briga deve fazer uma nova baixa. O Palácio Planalto quer a demissão do vice-presidente de Governo, Ricardo Oliveira - braço direito do presidente do BB, Aldemir Bendine. O presidente da Previ, Ricardo Flores, também poderá ser substituído, mas a mudança ainda não está acertada.

A avaliação no Palácio do Planalto é de que Oliveira teria de deixar o cargo por ser considerado o responsável pelo vazamento de informações sigilosas, que alimentou as divergências entre os presidentes do BB e da Previ. Havia boatos de que ele poderia ser demitido ontem na reunião do Conselho de Administração, o que não aconteceu. Para evitar ainda mais especulações, a estratégia que vem sendo considerada é a que Oliveira peça demissão da vice-presidência.

No caso de Flores, o governo tenta encontrar um novo cargo para o executivo, que atualmente também ocupa a presidência do Conselho de Administração da Vale. Uma das possibilidades é aproveitar as mudanças na diretoria executiva e no conselho deliberativo da Previ, que serão feitas em maio, para substituir Flores.

Ontem, o Conselho de Administração do BB apenas apreciou relatório de sindicância aberta para apurar se houve quebra de sigilo bancário do ex-vice-presidente Allan Toledo. Segundo relatório, não foi identificado nenhum fato que comprovasse acesso indevido às informações ou violação de sigilo bancário. Além disso, os acessos feitos a conta de Toledo seriam compatíveis com as atividades e cargos dos funcionários.

A sindicância foi aberta porque, em fevereiro, houve a divulgação de notícia de que o BB estava investigando a transferência de R$ 953 mil para a conta do ex-vice presidente. O BB já teria até trocado informações com a Polícia Federal sobre o caso. Pelas notícias veiculadas, Toledo abriu uma conta no Banco do Brasil em janeiro de 2011 e recebeu cinco depósitos mensais no valor total de R$ 953 mil.

Após o episódio, o Ministério da Fazenda, pressionado pelo Palácio do Planalto, exigiu que o BB investigasse às acusações sobre quebra de sigilo bancário do ex-vice-presidente. Toledo foi exonerado do cargo no final do mês de dezembro pela suspeita de ter participado de movimento para desestabilizar Bendine. Essa mobilização teria sido arquitetada por Ricardo Flores.