Título: Alckmin intensifica campanha no Rio para tentar recuperar votos
Autor: Vilella, Janaina e Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 08/08/2006, Política, p. A10

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, intensificou sua campanha no Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral do país, na tentativa de reforçar as alianças com lideranças locais e ampliar o corpo-a-corpo com eleitores. O candidato aparece em terceiro lugar nas pesquisas de opinião, no Estado, atrás da senadora Heloisa Helena, do P-SOL, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Com o palanque dividido entre dois candidatos ao governo do Estado do Rio - Denise Frossard (PPS) e Eduardo Paes (PSDB) -, Alckmin teve que montar uma agenda para hoje que acomodasse compromissos para ambos. Logo cedo, às 10h, participará com lideranças do PSDB local de um encontro com representantes de entidades de deficientes físicos, em São Conrado, na Zona Sul. Às 11h30, terá um encontro com crianças de comunidades carentes no Madureira Esporte Clube e em seguida fará caminhada pelo mercado do bairro.

À tarde, já acompanhado de integrantes do PFL, se reunirá com representantes do setor de turismo, em São Conrado, e também com professores da rede municipal de ensino, na Tijuca, na Zona Norte.

Ontem, ao chegar ao Rio, o candidato afirmou que "tem tudo para crescer no Estado". Ele aposta no início do horário eleitoral no rádio e na televisão, a partir de 15 de agosto, para melhorar o desempenho nas pesquisas de opinião. "Vamos trabalhar mais. Nós temos, no Rio, um quadro que está começando. Agora que vamos montar o primeiro comitê de campanha no Rio. Em outros Estados comecei lá atrás, com 8%, 10%. Aqui, já tenho 15%. Nós vamos rapidamente crescer com a TV", disse Alckmin, acrescentando que nessa viagem, ao Rio, não se encontrará com lideranças do PMDB.

O candidato minimizou o resultado da última pesquisa Ibope divulgada na sexta-feira. A pesquisa revelou uma oscilação de Alckmin de 27% para 25%, dentro da margem de erro da pesquisa, e uma alta da senadora Heloisa Helena, de 8% para 11%. "Não há queda (na pesquisa). Você está na margem. Até 2% você está na margem. A pesquisa mostra que não houve mudança. Entendo que estamos caminhando para o segundo turno", disse. Ao ser questionado sobre a aliança do presidente Lula com Newton Cardoso em Minas Gerais, ele afirmou que ela é auto-explicativa e afirmou: "Diga-me com quem andas e dir-te-ei quem és".

Ontem, em entrevista ao telejornal "Jornal Nacional", Alckmin criticou o veto do governo federal o reajuste de 16,5 % para as aposentadorias. "Eu faria tudo para pagar esse reajuste. O governo diz que não tem R$ 7 bilhões para os aposentados, mas acabou de aprovar R$ 9,5 bilhões para o fundo de pensão da Petrobras. São dois pesos e duas medidas" atacou.

O candidato tucano procurou manter-se distante das denúncias de corrupção envolvendo seu partido. Quando questionado sobre as suspeitas de participação do senador tucano Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB, em esquema de caixa dois para arrecadação de recursos, Alckmin foi enfático: "Não tenho compromisso com erro. Ele (Azeredo) responderá pelo ato dele", disse. "Mensalão é corrupção, é roubo. Isso é inadmissível", afirmou.

Alckmin também desconversou sobre as questões mais polêmicas, como a suspeita de corrupção e de favorecimento de deputados estaduais da base aliada com verba publicitária do banco estatal Nossa Caixa.