Título: Para Braga, base deve participar de programas
Autor: Peres ,Bruno
Fonte: Valor Econômico, 15/03/2012, Política, p. A9

O novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-RR) disse ontem após reunir-se com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que pretende "mudar o conceito" de emendas parlamentares ao Orçamento da União. O encontro com a ministra teve por objetivo iniciar um "processo de transição harmônica" nas lideranças do Congresso e orientar as votações das próximas semanas.

Ao ser questionado sobre a insatisfação generalizada entre os partidos da base aliada, que culminou com a rejeição da recondução de Bernardo Figueiredo à frente da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Eduardo Braga disse que as emendas parlamentares não são o "início" da articulação política, mas uma "consequência". A demora na liberação de emendas é uma das queixas recorrentes que chegam ao Palácio do Planalto.

"As emendas pressupõem que existem programas. Então, vamos começar a mudar o conceito. A liderança do governo quer discutir programas. Dentro desses programas existem rubricas, e dentro dessas rubricas existem emendas. Nós vamos discutir programas. As emendas são consequência", disse o novo líder.

Ele enfatizou que pretende levar ao Congresso "todos os ministros" para debater programas de governo que serão objeto de emendas parlamentares. "A oposição também vai poder participar dos programas", acrescentou.

Braga evitou fazer comparações à atuação do antecessor, Romero Jucá (PMDB-RR) e voltou a dizer que as trocas nas lideranças do Senado da Câmara refletem um "novo momento na política" que contempla maior interlocução entre governo e Congresso.

Em discurso de despedida da liderança, Romero Jucá disse que Braga terá "melhores condições" para atuar no novo cargo. O senador elogiou o novo líder e disse que a indicação "valorizou o PMDB". "Nosso partido se sente respeitado, aquinhoado e, sem dúvida nenhuma, engrandecido pela indicação do senador Eduardo Braga. Não tenho dúvida de que ele exercerá a liderança do governo em condições melhores do que eu", disse Jucá.

O ex-líder exaltou a própria atuação como líder governista durante os mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) "Quem está na liderança do governo tem que ter a consciência de colher, de respeitar, de ouvir, de procurar entender para construir convergências. A liderança do governo é lugar de construir convergências, não é lugar de divergências. Eu procurei fazer isso, eu me especializei nisso", disse o senador.

Ao deixar a reunião com a ministra Ideli, Braga comentou ainda a primeira missão que terá como líder: assegurar a votação, na próxima terça-feira, da medida provisória 547/2011, cuja validade expira na próxima quarta-feira, que trata da Política Nacional de Defesa Civil, uma medida considerada importante pelo governo, em razão das sucessivas catástrofes ocorridas anualmente no período de chuvas. "Para não perder as votações aqui eu vou pedir voto. Votação é votação. A gente ganha eleição pedindo voto. E eu não gosto de perder nem jogo de bola de gude", disse Braga.