Título: Dólar fraco não é problema
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 02/10/2010, Economia, p. 18

Ao defender mais estímulos para a economia norte-americana, Joseph Stiglitz diz que os países emergentes são bastante competitivos para enfrentar a valorização de suas moedas

Os grandes países emergentes são competitivos o suficiente para resistir a um dólar fraco, disse o economista e Prêmio Nobel Joseph Stiglitz, defendendo a necessidade de mais estímulos econômicos nos Estados Unidos. O recente enfraquecimento do dólar é um sinal de que a superafrouxada política monetária dos Estados Unidos está funcionando por meio de uma desvalorização cambial que visa a competitivade, que torna as exportações do país mais baratas, afirmou Stiglitz.

Um afrouxamento adicional provavelmente geraria mais fraqueza do dólar, algo que os emergentes veem como uma ameaça a suas exportações. Eu acho que Brasil, China e Índia provavelmente são robustos o suficiente para lidar com isso, disse Stiglitz em entrevista ao Reuters Insider. Mas eu certamente posso entender o receio deles. Preocupações sobre países que desvalorizam suas moedas visando competividade levaram o ministro das Finanças do Brasil, Guido Mantega, a dizer nesta semana que há uma guerra cambial internacional.

Stiglitz disse que o estímulo monetário norte-americano não foi capaz de impulsionar os empréstimos, dado que as empresas não estão investindo em meio à falta de demanda do consumidor. Esse canal não está funcionando, afirmou ele, acrescentando que a desvalorização visando competitividade, por outro lado, pode ajudar a economia. Stiglitz mostrou-se pessimista sobre as perspectivas para a economia dos Estados Unidos, dizendo que o elevado patamar de desemprego é o problema real. A solução para a questão pode ser uma segunda rodada de medidas de estímulo para aumentar o investimento.

Assento no FMI As economias emergentes podem conquistar dois dos assentos da União Europeia no conselho do Fundo Monetário Internacional (FMI) como parte de um novo esquema de divisão de poder nas instituições financeiras internacionais.

Alemanha, França e Grã-Bretanha têm seus próprios lugares no conselho de 24 membros, enquanto Bélgica, Holanda, Espanha, Itália e Dinamarca representam grupos de países. Embora não faça parte da UE, a Suíça também possui um assento, dando um total de nove lugares aos europeus.

Os Estados Unidos, frustrados com a recusa da Europa em dividir poder no FMI com os emergentes, agiu de forma inédita no mês passado ao bloquear planos que poderiam ter mantido o longo domínio do continente europeu no conselho.

Nós concordamos em reduzir a representação da Europa em até dois (assentos), ao oferecer rotatividade aos mercados emergentes com países avançados em suas respectivas constituições, escreveram os ministros de Finanças da UE em proposta acertada ontem.

"Eu acho que Brasil, China e Índia provavelmente são robustos o suficiente para lidar com isso. Mas eu certamente posso entender o receio deles Joseph Stiglitz, economista e Prêmio Nobel

Desemprego ainda elevado O desemprego na Zona do Euro se manteve estável em agosto frente ao dado revisado de julho, com o aumento do número de desocupados na Espanha e na França sendo ofuscado por quedas na Alemanha e na Itália.

A agência de estatísticas Eurostat informou que o desemprego nos 16 países da região permaneceu em 10,1% da força de trabalho em agosto. Os mercados esperavam uma taxa de 10%, baseados na leitura não revisada de julho.

A taxa de desemprego tem ficado perto da máxima em 12 anos nos últimos cinco meses, apesar do forte crescimento econômico no segundo trimestre. O número mascara as tendências divergentes do mercado de trabalho na Zona do Euro, com a desocupação crescendo na Espanha e na Irlanda e caindo na Alemanha e na Holanda.

Nos 27 países da União Europeia, o desemprego é de 9,6%, sem variação em relação a julho. A Eurostat disse que 23,066 milhões de pessoas estão desocupadas na UE, e que 15,869 milhões estão sem trabalho na Zona do Euro.

Crise Em meio a esse ambiente, o maior sindicato de Portugal, o CGTP, convocou uma greve geral para 24 de novembro, para protestar contra as medidas de austeridade fiscal anunciadas pelo governo. Eu proponho que os trabalhadores de nosso país entrem em greve geral em 24 de novembro, disse o líder do CGTP, Manuel Carvalho da Silva. A greve geral seria a primeira ação desse tipo desde 2007.

Na quarta-feira, o governo informou que pretende cortar os salários dos servidores públicos em 5% e elevar o imposto sobre valor agregado de 21% para 23%. Essas últimas medidas, segundo analistas, devem motivar uma maior movimentação, embora no início da crise financeira mundial a atividade sindical em Portugal tenha sido bem contida.

MAIS CAPITAL PARA GRANDES BANCOS Bancos considerados grandes demais para falir podem ficar sujeitos em breve a exigências de capital ainda mais rígidas que as definidas por Basileia III, disseram fontes à Reuters. Como parte das novas regras definidas por bancos centrais e órgãos reguladores, os grandes bancos internacionais seriam obrigados a manter um colchão de capital até 3 pontos percentuais maior que o patamar mínimo definido no mês passado. Um aumento de cerca de 2 a 3 pontos percentuais é realista, disse uma fonte. Ainda há divergência sobre quais bancos poderiam ameaçar a estabilidade do sistema financeiro global se caso quebrassem. Embora esteja quase certa a inclusão do Deutsche Bank, maior banco alemão, há dúvidas se o segundo colocado, o Commerzbank, também atenderia os critérios. A principal preocupação é criar desvantagens competitivas entre os grandes bancos e os concorrentes menores.

O número 10,1 % Participação de pessoas desocupadas na Zona do Euro em agosto