Título: Menor nível em 2 anos
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 02/10/2010, Economia, p. 18

No primeiro dia de negócios no mês, a cotação do dólar tem queda de 0,65% e chega a R$ 1,681. Bolsa sobe 1,14%

O dólar começou outubro com desvalorização de 0,65%, cotado a R$ 1,681 na venda. A divisa atingiu o menor nível desde 3 de setembro de 2008, mesmo com os dois leilões diários do Banco Central (BC) para conter a queda e sustar o aumento desenfreado das importações de bens e serviços. A Bolsa de Valores de São Paulo, ao contrário, teve um dia de bons negócios. O Ibovespa, índice mais negociado, subiu 1,14%, para 70.229 pontos, o maior patamar desde 15 de abril.

O cenário doméstico não deve apresentar mudanças significativas no curto prazo: o dólar continuará despencando e a bolsa, se valorizando. No entender do economista Flávio Serrano, do BES Investimento, em poucos dias, a moeda americana poderá bater os R$ 1,65, ao contrário do que desejam os exportadores, e a Bolsa de Valores paulista deverá ultrapassar, de três a seis meses, o pico de 73.920 pontos registrado em 29 de maio de 2008, quando estourou a crise econômica global.

Para isso, basta uma situação de tranquilidade no resto do mundo, com bom desempenho das economias dos Estados Unidos, da China e da Europa, disse Serrano. Foi por conta das boas notícias de fora que a Bovespa conseguiu superar a resistência para ultrapassar os 69 mil pontos. O Ibovespa seguiu o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, que avançou 0,39%. Reagiu com o forte crescimento da indústria chinesa em setembro e com os indicadores americanos acima das estimativas dos analistas a renda dos trabalhadores americanos subiu 0,5% e os gastos dos consumidores cresceram 0,4%.

Na Europa, a situação das dívidas soberanas de alguns países fez com que os mercados fechassem em baixa. A bolsa de Paris perdeu 0,62% e a de Frankfurt caiu 0,28%. Quanto ao dólar, disse Serrano, após sete sessões de baixa, segue a tendência global de desvalorização, pelo temor de que o Federal Reserve (banco central dos EUA) adote mais estímulos para a economia, pela ausência de novas medidas do governo brasileiro contra a valorização do real até o dia das eleições e pelo ingresso de recursos estrangeiros com o processo de capitalização da Petrobras.

Alfândega mais liberal A Receita Federal iniciou ontem a fiscalização dos viajantes brasileiros provenientes de destinos internacionais, seguindo as novas regras aduaneiras para o transporte de bagagem e produtos considerados de uso pessoal. As medidas foram anunciadas no início de agosto e incluem nos itens isentos de tributação, por exemplo, câmera fotográfica, relógio de pulso e celular que sejam portados pelo viajante. Outra novidade é a definição de quantidades precisas para itens como bebidas alcoólicas e cigarros. No site do fisco, estão disponíveis uma lista com perguntas e respostas sobre as medidas e um guia rápido de classificação de bagagem para os passageiros.