Título: Pré-escola modelo tem lista de espera
Autor: Adachi, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 08/08/2006, Especial, p. A16

A pré-escola Crescer Sempre, a menina dos olhos do empresário Jayme Garfinkel, começou com 150 alunos em 1998 e hoje tem 617 crianças matriculadas. Mesmo com o número maior de vagas, a lista de espera dá uma idéia do tamanho da necessidade da comunidade de Paraisópolis: tem 2 mil nomes.

A idéia do projeto foi dada por Terezinha Paladino, que já trabalhava com Garfinkel nas parcerias com as escolas estaduais. A partir do contato freqüente com os alunos, ela percebeu que as crianças chegavam à 1ª série totalmente cruas, saídas diretamente dos barracos para as salas de aula.

Hoje, as crianças passam períodos de quatro horas na Crescer. Os pais mandam o lanche de casa. O material fica por conta da escola. Além da alfabetização, têm oficinas de artes, música e recreação. As salas são coloridas e bem decoradas, lembrando o ambiente de uma escola particular. Cada criança custa à Crescer R$ 257 por mês.

As crianças vão à aula com sua melhor roupa, calçam tênis ou sapato e levam nas costas mochilas coloridas. Fica evidente o esforço financeiro das famílias para que seus filhos estejam bem vestidos.

"Esses dois anos na Crescer Sempre valeram pela vida toda. O que minha filha aprendeu aqui ela não esquece mais", diz Maria Aparecida Trindade da Silva, de 38 anos e moradora de Paraisópolis. Thaís, sua filha de seis anos, está no limite de idade para ficar na Crescer Sempre e no ano que vem irá para a 1ª série de uma escola pública.

Depois de sofrer um derrame cerebral ainda pequena, os médicos diziam que Thaís teria dificuldades de aprendizado. Não foi o que aconteceu. "O desenvolvimento dela é muito maior do que os meus dois outros filhos e ela sabe mais do que os amiguinhos que já estão na 2ª série", diz Maria.

O filho de Elisabete Souto Silva, João Pedro, de cinco anos, também tinha uma condição especial quando chegou à Crescer Sempre. Hiperativo, não queria nem saber de pegar num lápis. Hoje, quando volta da aula, João Pedro conta aos país que aprendeu a letra "j", de "jacaré e do meu nome". Tomou gosto pelas aulas de música, ganhou um pianinho e brinca de ser compositor. (VA)