Título: Fundação Dom Cabral reforça apostas no mercado internacional
Autor: Giardino, Andrea
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2006, EU & Investimentos, p. D6
Ao completar 30 anos, a Fundação Dom Cabral de Minas Gerais, que figura no tradicional ranking do jornal britânico "Financial Times" entre as 25 escolas de negócios mais importantes do mundo, se prepara para ganhar mais espaço no mercado internacional. A Fundação acaba de ingressar na Argentina, Colômbia, Equador e China, por meio de parcerias com empresas e instituições de ensino locais. Hoje, a Dom Cabral tem alianças com o Insead, na França, com a Kellogg School of Management, nos Estados Unidos, e com a University of British Columbia, no Canadá. O objetivo é consolidar-se como referência global em educação executiva.
Essa internacionalização, inclusive, já vem permitindo o intercâmbio de professores e alunos. A inciativa segue o exemplo de um programa da fundação realizado em setembro de 2005 com a Antai School Management, que faz parte da Universidade de Xangai. Na ocasião, 13 profissionais de companhias brasileiras, como Gerdau, Vale do Rio Doce e Petrobras, foram para a China para conhecer mais profundamente o mercado chinês. "Queremos que os executivos tenham uma visão ampla dos mercados que são estratégicos para eles e entendam melhor a realidade empresarial de cada país em que operam", afirma Emerson de Almeida, presidente da Dom Cabral.
A idéia com o projeto é promover a troca de experiência entre gerentes, diretores e presidentes de companhias diferentes. "Cada um poderá contribuir com a sua bagagem adquirida ao longo dos anos no mundo corporativo", explica Almeida. "Não temos produtos de prateleira, porque o conteúdo dos cursos é montado a partir das necessidades das empresas, prestando atenção também ao ambiente externo."
Além de reforçar a aposta no exterior, a instituição também está investindo R$ 3,9 milhões na construção de um centro de desenvolvimento, em Belo Horizonte, voltado para o conhecimento em gestão, com o objetivo de reforçar sua presença no cenário nacional. O Centro de Desenvolvimento de Conhecimento em Gestão (CDCG) será dividido em sete núcleos: governança corporativa, empreendedorismo, inovação, gestão empresarial, negócios internacionais, responsabilidade corporativa e liderança.
A tradicional escola de negócios mineira ganhou notoriedade exatamente por seus programas fechados de educação executiva, ou seja, feitos sob medida para empresas. De acordo com Almeida, eles representam 40% do volume da Dom Cabral e só em 2005 registrou um aumento de 67% no número de executivos treinados - saltando de 6.995 em 2004, para 11.691 no ano passado. Nas salas de aulas estiveram dirigentes de grandes empresas, como Vale do Rio Doce, Bunge, Telefônica, Itaú, Tigre, Merck e Petrobras.
Os programas abertos, que têm conteúdo mais genérico e são voltados ao público em geral, detém 30% da fatia de cursos da instituição, enquanto as parcerias empresariais respondem pelos outros 30% restantes. "Apostamos bastante nesse modelo de parcerias, em que não há um prazo definido do trabalho que desenvolvemos", conta Almeida. Segundo ele, a tendência é que os programas empresariais, que funcionam como uma espécie de consultoria, cresçam assim como os fechados.
Já a demanda por cursos abertos devem se manter estáveis. Na visão do presidente da Dom Cabral, este é um nicho que deve se manter estagnado nos próximos anos. Os grandes grupos têm necessidades específicas, por isso a procura pelos cursos sob medida é maior, diz Almeida. "Elas querem resolver seus problemas compartilhando com outras empresas, para ver o que foi feito ou que estratégias foram adotadas para sair de uma crise, por exemplo".
Com uma receita de R$ 72,7 milhões em 2005, a Fundação Dom Cabral obteve crescimento de 15% em relação ao ano anterior. A instituição já treinou cerca de 19 mil executivos - 12% a mais do que em 2004 - e contou com mais de 750 empresas nos seus programas de educação executiva. Também investiu quase R$ 200 mil na atualização de 40 profissionais do corpo docente.