Título: Comissão de Ética investiga ex-vice-presidente do BB
Autor: Sousa ,Yvna
Fonte: Valor Econômico, 13/03/2012, Política, p. A10

A Comissão de Ética da Presidência decidiu ontem abrir um processo para investigar o ex-vice-presidente de Atacado, Negócios Internacionais e Private Bank do Banco do Brasil, Allan Toledo, por recebimento de quase R$ 1 milhão em depósitos suspeitos, em 2011.

O relator do caso será o conselheiro novato Américo Lacombe, nomeado na semana passada pela presidente Dilma Rousseff.

Toledo deixou o cargo em dezembro, em meio a desavenças entre o presidente do BB, Aldemir Bendine, e o presidente do Previ (fundo de pensão dos funcionários da instituição), Ricardo Flores. O então vice-presidente teria se unido a Flores para tentar desestabilizar Bendine.

A abertura da investigação é baseada em reportagem da "Folha de S. Paulo" que mostrou que Toledo recebeu, de janeiro a julho do ano passado, R$ 953 mil em depósitos feitos pela aposentada Liu Mara Fosca Zerey. Ela, por sua vez, recebeu o dinheiro do empresário Wanderley Mantovani, que é sócio do frigorífico Marfrig, empresa cliente do banco. Allan Toledo afirma que o dinheiro é proveniente da venda de um imóvel.

"Os elementos que nós temos são as reportagens. A partir dela decidimos pedir informações", disse o presidente da Comissão de Ética, Sepúlveda Pertence. As transações suspeitas também foram apontadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de inteligência do Ministério da Fazenda.

De acordo com o Código de Conduta da Alta Administração Federal, a pena máxima destinada àqueles que já deixaram o governo, caso de Allan Toledo, é a censura ética. A punição funciona como uma "mancha" no currículo, mas não impede o ex-funcionário de exercer novos cargos públicos ou estabelecer convênios com o governo, por exemplo.

A punição para ex-membros do governo foi usada ontem mais uma vez pela comissão. O colegiado decidiu aplicar a sanção ao ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi pela denúncia de que teria viajado várias vezes em um jatinho de uma empresa de agronegócios, o que levantou suspeitas de favorecimento. Rossi deixou o cargo em agosto de 2011.

O relator do caso do ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, no colegiado, o conselheiro Fábio Coutinho, votou pela abertura de um processo para investigar as denúncias a respeito de consultorias realizadas pelo ministro antes de assumir o cargo, além de suposto tráfico de influência em licitações com a Prefeitura de Belo Horizonte (MG).

A investigação, no entanto, ainda não será aberta, uma vez que o conselheiro Roberto Caldas pediu vista do processo. "O relator acha que é importante, ante as acusações divulgadas pela mídia e a própria explicação do ministro de que notificado prestaria informações completas", declarou Sepúlveda Pertence.

A decisão da comissão pela abertura ou arquivamento da investigação contra Pimentel deve ser fechada na próxima reunião do colegiado, marcada para o dia 26.