Título: Ediouro quer abrir capital para financiar operações
Autor: Mandl, Carolina
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2006, Empresas, p. B2

A Ediouro analisa a possibilidade de abrir o capital e lançar ações em bolsa. Com faturamento anual de cerca de R$ 130 milhões, o objetivo da empresa é buscar um novo meio para financiar suas operações.

A editora vem ampliando suas atividades em um ritmo acelerado desde o ano passado. O grupo carioca, fundado em 1939, é um dos mais agressivos no mercado editorial. Desde os anos 2000, a companhia tem crescido por meio de aquisições e parcerias. Em 2002, comprou a editora Agir. No ano passado, adquiriu 50% da Nova Fronteira e neste ano já fechou dois negócios: uma associação com a Thomas Nelson, maior editora de livros evangélicos dos Estados Unidos, e uma parceria com a paulistana Geração Editorial. Hoje, a empresa acumula nove selos editoriais.

A recente empreitada tem feito a imagem da Ediouro começar a se descolar das revistas de passatempo Coquetel. São dela, por exemplo, os bestsellers "Quando Nietzsche Chorou" e "Mentiras no Divã", ambos do psicoterapeuta Irvin D. Yalom, e "O Guia dos Curiosos", de Marcelo Duarte.

"Temos usado recursos próprios e de bancos para crescer. Mas queremos ter acesso a outras fontes de financiamento mais baratas", afirma Patrícia Espinelli, diretora financeira da Ediouro.

A companhia possui, por exemplo, um financiamento com o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), dentro do programa ProLivro, que visa apoiar o mercado editorial. Entre empréstimos e financiamentos, a companhia possuía em 2005 aproximadamente R$ 7,5 milhões.

Além do lançamento de ações em bolsa, a Ediouro também estuda a possibilidade de parceria com um fundo de investimento de participação em empresas.

A Ediouro está dividida em três ramos de negócios: livros, revistas e gráfica comercial. Juntos, esses segmentos geraram uma receita de R$ 132,9 milhões em 2005 e um lucro de R$ 12,8 milhões.

Patrícia estava ontem na platéia de um evento realizado pela International Business Communications, em São Paulo (SP) sobre abertura de capital. No encontro, diversas companhias contaram como se prepararam - ou se preparam - para a estréia em bolsa.

O grupo de energia e telecomunicações Alusa, além de ouvir os conselhos de quem já tem ações listadas, contou ao público o que está fazendo para em breve poder fazer uma oferta.

Com a maior parte do R$ 1,2 bilhão faturados vindos da área de transmissão de energia, a Alusa quer entrar de forma mais pesada na geração. Em dezembro do ano passado, a Alusa arrematou dois lotes para a construção de usinas hidrelétricas, um em Goiás e outro no Rio Grande do Sul.

"Esses projetos exigirão investimentos de R$ 500 milhões. Para entrarmos em novos projetos, achamos que o financiamento via bolsa pode ser uma boa opção", afirma Gustavo Godoy, diretor da Big TV, empresa de telecomunicações do grupo Alusa.

O executivo explicou que, antes de entrar na bolsa, a Alusa precisará simplificar sua estrutura acionária. Os negócios de energia deverão ficar separados da Big TV, por exemplo.

Para a fabricante de softwares Totvs, a preparação para o ingresso em bolsa há quatro anos. "Como tínhamos em mente que um dia precisaríamos captar recursos em bolsa, começamos e visitar os investidores antes de o plano se concretizar", diz José Rogério Luiz, diretor de relações com investidores da Totvs. Isso, segundo ele, ajudou a entender os pontos fracos e fortes da empresa, dando tempo para ela se preparar para o dia D. (Colaborou Tainã Bispo)