Título: Com dinheiro de sobra, Datasul avalia aquisições
Autor: Fuoco, Taís
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2006, Empresas, p. B3

´

Com um caixa milionário - reforçado pela oferta pública inicial de ações, feita em junho - e praticamente sem dívidas, a fabricante de software Datasul parece preparada para ir às compras e participar mais ativamente do processo de consolidação do setor que ocorre no Brasil.

Ao todo, 18 companhias estão sendo avaliadas como alvo de uma possível aquisição, afirmou Jorge Steffens, presidente da empresa, ontem, em teleconferência com analistas. "Não vai ser uma grande aquisição, mas serão várias aquisições menores", disse o empresário.

Obter capital para crescer por meio de aquisições foi um dos principais motivos para a abertura de capital, ocorrida em 2 de junho, quando a Datasul entrou no Novo Mercado da Bovespa. A previsão é de que a primeira compra será anunciada até o fim do ano, disse Renato Friedrich, diretor de relações com investidores. "Outras se seguirão", afirmou o executivo.

A Datasul está de olho em empresas que faturam entre R$ 10 milhões e R$ 40 milhões por ano. Segundo Steffens, as aquisições envolverão desembolsos de R$ 5 milhões, R$ 10 milhões e até R$ 40 milhões. "O valor vai depender das sinergias e da lucratividade", explicou. Três tipos de alvos estão na mira: empresas de softwares para segmentos específicos (principalmente nas áreas de saúde, finanças e agronegócios), companhias de sistemas ou serviços que ampliem a oferta de produtos - como consultorias - e companhias do México, onde a Datasul pretende fortalecer sua atuação.

Ao fim de junho, depois de captar R$ 151 milhões com a abertura de capital, a Datasul tinha em caixa R$ 148,81 milhões. A dívida no fim do trimestre era de apenas R$ 385 mil, comparada a R$ 11,4 milhões no mesmo período do ano passado. A empresa registrou prejuízo líquido no segundo trimestre, de R$ 4,78 milhões, mas as perdas foram provocadas principalmente pelas despesas de abertura de capital, de R$ 13,8 milhões. Expurgados os gastos, a companhia apresentou lucro líquido ajustado de R$ 4,31 milhões. No mesmo trimestre de 2005 os ganhos foram de R$ 3,77 milhões.

Mesmo com as despesas da oferta pública, o fluxo de caixa gerado pelas operações foi de R$ 4,1 milhões no trimestre. Sem os gastos, chegaria a R$ 8,6 milhões. Apesar desse desempenho, as ações da empresa caíram 6,17%, ontem, para R$ 15,95.

A receita líquida trimestral da Datasul cresceu 2%, para R$ 39,18 milhões, em relação ao mesmo período do ano anterior. A eliminação do endividamento de longo prazo no segundo trimestre, constituído por repasse de empréstimo externo - conforme previsto -, foi feita com a utilização de parte dos recursos captados na oferta primária de ações.

A empresa renegociou parte dos seus contratos com clientes e com o principal fornecedor de banco de dados, a Progress, no primeiro semestre. A renegociação com a Progress, ocorrida em abril, teve um impacto de R$ 1,94 milhão de janeiro a junho e ainda terá efeito sobre os próximos meses. A empresa "tem R$ 4 milhões para reconhecer", disse Friedrich.

Uma das metas da companhia é fortalecer a rede de franquias, um modelo adotado em 1999. No primeiro semestre, foram adicionou duas novas franquias às 35 existentes. Até o fim do ano, disse Steffens, a meta é acrescentar "mais duas ou três".