Título: Dedini Agro testa mercado com FIDC
Autor: Bautzer, Tatiana
Fonte: Valor Econômico, 09/08/2006, Finanças, p. C8

O grupo Dedini Agro quer usar sua primeira emissão de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDC) como preparação para abrir o capital e lançar ações.

A emissão de FIDC de R$ 80 milhões deve pagar 110% do CDI e, segundo o diretor presidente, Joamir Alves, será um "treino" para uma emissão de dívida externa externa nos próximos 12 meses e lançamento de ações em dois ou três anos. Não está decidido ainda quanto os controladores pretendem manter do capital da companhia. "Queremos que os investidores comecem a conhecer a companhia", diz.

Com faturamento de R$ 400 milhões no ano passado, lucro líquido de R$ 11 milhões e patrimônio de R$ 300 milhões, a Dedini Agro está animada com o interesse estrangeiro e do mercado de capitais pelo setor. Segundo Alves, considerando os múltiplos atribuídos às ações da Cosan, o lançamento de ações da Dedini Agro pode movimentar de US$ 500 milhões a US$ 600 milhões.

A Dedini Agro é controlada por uma parte da família Dedini Ometto, tradicional no setor sucroalcooleiro, e está estreando no mercado de capitais. Mário Dedini Ometto é filho do controlador da Dedini Indústria de Base, Dorílio Ometto. A Indústria de Base já está presente no mercado com emissões externas e anunciou recentemente que também quer abrir o capital. Leme diz que apesar do parentesco dos acionistas, não houve nenhuma discussão conjunta sobre estratégias de mercado. "É uma coincidência, os dois grupos são independentes", diz o diretor do Dedini Indústria de Base, Sérgio Leme. Mas a expectativa de Dorílio Ometto é de uma abertura de capital num prazo mais longo- em 2010 ou 2011, segundo Leme. A receita do grupo concentra-se na venda de máquinas e equipamentos.

A emissão de FIDC da Dedini Agro, que deve ser completada no dia 15, será feita, segundo relatório da agência de classificação de risco Fitch, sobre fluxos futuros de fornecimento de açúcar líquido e melaço para o mercado interno e a expectativa de rendimento é de 110% do CDI. O custo para a empresa em relação ao crédito bancário é semelhante, ligeiramente menor por conta de impostos mais baixos. Há ainda uma inovação em relação a operações tradicionais de FIDC: um seguro de performance da Mapfre, semelhante ao que é normalmente acoplado a operações de captação externa com base em exportações futuras.

Para o diretor da corretora Link, Carlos Lancelotti, que está distribuindo a operação, a venda das cotas de fundos de direitos creditórios é uma estratégia para para ganhar clientes corporativos (já que a corretora não pode intermediar crédito tradicional) e uma fonte alternativa de receitas à corretagem na BM&F.