Título: Pequeno aplicador dá fôlego ao Tesouro Direto
Autor: Fariello, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2006, EU & Investimentos, p. D2

Depois de meses de turbulência do mercado e até interrupções periódicas de negócios, o sistema eletrônico de venda de títulos de renda fixa do governo federal, o Tesouro Direto, voltou a avançar. Por meio dele foram vendidos em julho o equivalente a R$ 94,59 milhões, o segundo maior volume desde o início do programa, em 2002. Do total de títulos negociados, quase um quarto foi adquirido por aplicadores que investiram até R$ 1 mil (ver gráfico). "Nosso objetivo é mesmo popularizar os títulos e oferecer uma aplicação barata e acessível para investidores de menor porte, que pagariam taxas altas para adquirir esses papéis pelos fundos", diz Paulo Valle, secretário adjunto de dívida pública federal do Tesouro Nacional.

Segundo ele, os aplicadores de maior porte têm acesso a fundos com taxas reduzidas, que não tornam o investimento tão caro.

Em julho, 2.014 novos investidores efetuaram cadastro em alguma das dezenas de bancos e corretoras do programa Tesouro Direto. Agora, são 63.968 pessoas cadastradas. As instituições mais procuradas para negociações com títulos em julho foram as públicas: Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Roberto Derzie, superintendente de produtos bancários da Caixa, explica que o perfil do investidor do Tesouro Direto é de um jovem, com bom conhecimento da internet - por onde é feita a negociação. "Não é o público de caderneta de poupança."

Derzie nota que, apesar de não haver direcionamento das instituições para a escolha dos papéis, a opção da maioria deles por títulos prefixados indica intensa busca de informação e plena sintonia com analistas que, atualmente, recomendam papéis prefixados como boa opção de investimento, pela perspectiva de queda dos juros.

Segundo o governo, 49,47% dos títulos adquiridos pelos aplicadores em julho foram Letras do Tesouro Nacional (LTN), papéis prefixados que atualmente bancam juro de 14,39% a 14,57% ao ano, conforme o prazo de vencimento. O segundo papel preferido é a Nota do Tesouro Nacional da série B (NTN-B), que garante ao investidor a variação do IPCA, além de, atualmente, juros anuais de 8,03% a 9,53%, de acordo com o vencimento dos papéis.

Tanto Valle, do Tesouro, como Derzie, da Caixa, acreditam que o Tesouro Direto ainda tem um potencial de crescimento elevado, levando-se em conta que a popularização ocorreu sem grandes esforços do governo ou das instituições que ofertam o canal de investimento em divulgar o sistema.