Título: Justiça proíbe distribuição de rotas da Varig
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2006, Empresas, p. B4

A nova Varig terá 30 dias, a contar da autorização para operar transporte aéreo regular fornecida pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), prevista para sair no dia 25, para concluir a malha definitiva de vôos, informou ontem, em nota, o juiz da 8 ª Vara Empresarial do Rio, Luiz Roberto Ayoub. Só depois desse prazo, segundo o juiz, é que a agência poderia redistribuir as rotas não utilizadas pela aérea. Até o fechamento desta edição, a Anac ainda não havia sido comunicada oficialmente da decisão do juiz.

Na semana passada, a nova empresa entregou a Ayoub seu plano de negócios. O programa está dividido três etapas. A primeira prevê uma operação para dez destinos nacionais e três internacionais, correspondentes a 30% de toda a malha, e uma frota de 18 aviões. Antes de ser vendida, a Varig tinha concessão para operar 272 vôos, mas a malha apresentada pelos novos donos da companhia prevê apenas 124 vôos na primeira fase.

Ao receber a documentação da VarigLog, a Anac entendeu que a ex-subsidiária da Varig não se interessaria pelas rotas restantes e comunicou a intenção de redistribuí-las entre as demais empresas. Para Ayoub, no entanto, a Anac não pode exigir que a Varig opere plenamente antes de 30 dias, uma vez que não há desinteresse da empresa em operar as demais rotas não contempladas na primeira fase do plano de vôos.

Amanhã, os credores da Varig se reúnem, em assembléia, para escolher o gestor judicial da empresa antiga, que permanece em recuperação judicial. Também está prevista a escolha de um agente fiduciário, que será responsável pela emissão de títulos de dívida (debêntures) para reduzir dívidas. Até ontem três pessoas haviam se candidatado ao cargo de gestor: Carlos Muzzio, diretor de vendas da Varig, Miguel Dau, ex-vice-presidente técnico-operacional da companhia e o aeronauta Ivan Garcia. A empresa Oliveira Trust DTVM foi a única a apresentar proposta para agente fiduciário.

A escolha de um gestor para administrar o dia-a-dia da companhia e garantir um fluxo de caixa mensal para o pagamento da dívida foi uma exigência dos credores. Eles queriam assegurar que a Fundação Ruben Berta (FRB), ex-controladora da Varig, continuasse afastada do comando da empresa. A Varig remanescente ficará com a operação da Nordeste Linhas Aéreas, um avião e a rota São Paulo (SP)/Porto Seguro (BA), além de vôos não regulares (charters).

Ontem, a Anac informou que o índice de eficiência da Varig nas rotas domésticas desabou 27 pontos percentuais em julho - passou de 42% para 15%. Nos vôos ao exterior, a queda foi de 26 pontos, com eficiência de tímidos 12%. Em junho, o índice era de 38%. A eficiência operacional é uma combinação entre regularidade e pontualidade. A TAM e a Gol fecharam julho com 89% e 91%, respectivamente, nos embarques domésticos. Nos vôos internacionais, o índice da TAM foi de 96% e o da Gol de 85%. (*Do Valor Online)