Título: Níquel mantém recorde e fecha acima dos US$ 27 mil
Autor: Durão, Vera Saavedra e Balthazar, Ricardo
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2006, Empresas, p. B12
O contrato de níquel para três meses encerrou o pregão de ontem na London Metal Exchange (LME) negociado a US$ 27,2 mil. É o mesmo patamar atingido na sexta-feira, quando o metal atingiu seu maior preço nos últimos 19 anos. Em 12 meses, o preço do metal já registrou uma valorização de mais de 80%. A vertiginosa queda nos estoques globais do metal - provocada pela demanda aquecida principalmente na China - deve pressionar as cotações até 2008, quando novas jazidas entrarão em operação.
Entretanto, o início da operação da mina de Goro, na Nova Zelândia, em 2007; a expansão gradativa da gigantesca jazida de Voisey's Bay (ambas pertencentes à Inco) e os novos projetos da Vale do Rio Doce (Vermelho e Onça Puma, no estado do Pará) podem não ser suficientes para compensar a produção de algumas minas que estão perto da exaustão, acreditam os especialistas.
De acordo com um relatório do United States Geological Survey (USGS), a demanda por níquel deve se manter aquecida pelos próximos cinco anos, por conta do consumo desenfreado por aços inoxidáveis na Ásia e pelo uso do metal na produção de baterias para carros elétricos.
"No segundo semestre, os preços devem ficar apenas um pouco abaixo do pico de alta", afirmou Luiz Manreza, analista do Standard Bank. "O movimento especulativo dos fundos de investimento também contribuirá, em menor grau para a manutenção de alta dos preços"
De acordo com estimativas do Standard Bank, a cotação média do níquel deve ser de US$ 21 mil em 2006 e US$ 17,2 mil no ano que vem. Nada mal para uma commodity que há seis anos era negociada por US$ 8,6 mil. Em 2005, o preço médio ficou em US$ 14,7 mil. Os estoques globais de níquel somavam apenas 5,8 mil toneladas na sexta-feira (um recuo de 84% desde o início do ano) e devem fechar o ano com um déficit em relação à demanda de 29,9 mil toneladas.
O Brasil é dono da sétima maior reserva de níquel do mundo, de 8,3 milhões de toneladas de mineral contido e ocupa a décima posição entre os principais produtores (de 46 mil toneladas em 2005, segundo o USGS). Ainda está longe de países como a Rússia (maior produtora mundial, com 315 mil toneladas/ano), Austrália (210 mil) e Canadá (196 mil). Juntas, Vale do Rio Doce e Votorantim investem cerca de US$ 2,5 bilhões em novos projetos, que podem levar o país à quarta posição entre os maiores produtores do metal, com 160 mil toneladas. A Falconbridge também faz prospecções no Pará.