Título: Vale envia proposta a acionistas da Inco
Autor: Durão, Vera Saavedra e Balthazar, Ricardo
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2006, Empresas, p. B12
Esta semana, a Vale do Rio Doce começa a enviar aos acionistas da Inco correspondências contendo a "bid offer circular", ou seja, a proposta oficial de compra da mineradora por 86 dólares canadenses por ação, em dinheiro, segundo apurou o Valor. A partir da remessa da circular é que começa a contar o prazo de 45 dias para os investidores se manifestarem sobre a proposta da Vale, o que deverá ocorrer no final de setembro ou início de outubro.
Ontem, seguindo o cronograma da operação que visa adquirir o controle da Inco, segunda maior fabricante de níquel do mundo, a Vale formalizou sua proposta junto à uma espécie de Security Exchange Comission (SEC), na província de Ontário, onde fica a cidade de Toronto, sede da Inco. O mesmo procedimento foi feito junto à SEC americana, em Nova York, onde a Inco tem ações negociadas.
Também foi entregue pela mineradora brasileira a documentação com suas intenções para com a Inco no Canadá, para exame das autoridades daquele país. O governo canadense tem poder de veto sobre a transação, caso não lhe agrade os compromissos firmados pela Vale ou outra empresa não-canadense que fizer oferta, como a americana Phelps Dodge.
Amanhã, vence o prazo da oferta da Teck Cominco para aquisição da Inco. A empresa ofereceu 50% em dinheiro (40 dólares canadenser por ação) e 50% em ações. A Phelps Dodge, com apoio da direção da Inco, propôs 25% em dinheiro (20,25 dólares canadenses por ação) e 75% em ações.
A companhia anunciou ontem que fará uma assembléia no dia 25 de setembro para submeter à avaliação dos acionistas seu plano para a aquisição da mineradora canadense, num esforço para afastar desconfianças dos analistas e continuar no páreo. Além das ofertas de concorrentes como a Vale, a Phelps Dodge enfrenta a oposição de alguns dos seus acionistas. A empresa ofereceu pela Inco o equivalente a US$ 15,7 bilhões.
Uma administradora de fundos de investimento que tem quase 10% da Phelps, a Atticus Capital, tem manifestado publicamente sua posição contrária à transação. Na avaliação de investidores como a Atticus, a aquisição da Inco prejudicaria a saúde financeira da Phelps ao aumentar muito seu endividamento, preocupação semelhante à que analistas começaram a expressar em relação à Vale.
A Teck Cominco manteve-se em silêncio sobre o assunto ontem. Como a Phelps, ela terá dificuldades para obter o apoio dos acionistas se quiser cobrir a oferta da Vale. Sua proposta, que vence amanhã, poderá ser estendida se a direção da Teck concluir que vale a pena.
Numa amostra do que ainda espera a Vale se sua oferta prosperar, o Sindicato dos Metalúrgicos do Canadá distribuiu ontem um comunicado exigindo que o comprador da Inco mantenha as obrigações da empresa com os operários. "Esperamos ter um diálogo aberto com a CVRD para assegurar um entendimento claro da posição do sindicato com respeito a quem quer que vire o dono da Inco."
Ontem, as ações preferenciais da Vale tiveram mais um dia de queda na Bovespa. Fecharam o dia negociados a R$ 41,30, com baixa de 1,66%. É o sexto pregão consecutivo de recuo das ações da mineradora: no período, tiveram queda de 9,51%. Desde sexta-feira, os papeís PN da Vale caíram 3,84%. Na sexta-feira, a baixa foi de 2,21%.