Título: Exportação cai e Perdigão tem prejuízo
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2006, Agronegócios, p. B15

A forte queda nas exportações de frango e de carne suína levou a Perdigão ao prejuízo no segundo trimestre e no primeiro semestre deste ano. No trimestre, a empresa teve uma perda de R$ 26,3 milhões ante um lucro de R$ 83,5 milhões no segundo trimestre de 2005. O prejuízo no semestre foi de R$ 15,9 milhões, contra um lucro de R$ 155,3 milhões em igual período do ano passado. "Foi um resultado muito ruim", disse o vice-presidente de finanças da companhia, Wang Wei Chang.

Segundo ele, o desempenho negativo é conseqüência da diminuição do consumo de frango na Europa e dos altos estoques do produto no Oriente Médio e Japão por causa da gripe aviária, que pressionou a demanda. Além disso, o embargo parcial da Rússia às carnes brasileiras por causa do ressurgimento da aftosa também afetou os resultados. Mas o quadro já começa a melhorar, disse o executivo, com incremento na demanda externa por frango e nos preços negociados. A Rússia, que tenta controlar as importações de carne suína, ainda é uma incógnita, admitiu.

No segundo trimestre, o faturamento caiu 6,1%, para R$ 1,392 milhão. Desse total, R$ 591,7 milhões foram provenientes das exportações, 21,3% menos que no segundo trimestre de 2005. Já a receita no mercado interno aumentou 9,5%, para R$ 801,1 milhões, pois o frigorífico redirecionou as vendas que seriam destinadas ao exterior.

Em volumes, as vendas cresceram 17,1% no mercado interno, para 150,4 mil toneladas. Aves tiveram alta de 95,3% e suínos/bovinos, 114%. No mercado externo, porém, os volumes totais caíram 1,3%, para 177,6 mil toneladas.

Wang acrescentou que a desvalorização de 10% do dólar em relação ao real no período também prejudicou o resultado. Além disso, houve queda de preços tanto no mercado interno quanto no externo, de 7,5% e 20%, respectivamente. Os custos também caíram (6,3% e 9%) devido aos preços mais baixos dos grãos.

O aumento nas vendas no mercado interno elevou os custos com essa operação para 21,1% da receita líquida, de R$ 1,201 bilhão, no segundo trimestre. No mesmo período de 2005, representava 16,2% da receita líquida de R$ 1,311 bilhão. O maior número de entregas no mercado interno elevou os custos dessas operações e a demanda menor no exterior ampliou os gastos com estocagem.

O efeito do desempenho ruim no trimestre foi uma queda na margem bruta para 21% contra 28,1% em igual período de 2005 e um recuo de 89% no EBTDA, para R$ 17,6 milhões. Como resultado do segundo trimestre ruim, o faturamento foi de R$ 2,621 bilhões no primeiro semestre, recuo de 8,2% em relação a igual intervalo de 2005. A receita no mercado interno cresceu 5,3%, e atingiu R$ 1,521 bilhão, mas caiu 22% no mercado externo, para R$ 1,1 bilhão.

No primeiro semestre, segundo Wang, houve recuo de 7,5% nos preços e de 6,3% nos custos no mercado interno. A demanda menor fez os preços caírem 18% nas vendas externas; já os custos recuaram 8%.

No fim de um semestre com margem bruta de 22,2% (foi de 27,7% em igual período de 2005), o endividamento líquido da Perdigão subiu 47%, para R$ 1,008 bilhão. Segundo Wang, a alta ocorreu por conta dos investimentos de R$ 346 milhões (que incluem a compra da Batávia no começo de junho por R$ 112 milhões) e porque houve "pouca geração de caixa". O EBTDA da Perdigão no semestre caiu 73,7%, para R$ 79,3 milhões. Wang explicou que o faturamento da Batávia em junho, de R$ 61 milhões, está incluído no resultado consolidado. O laticínio teve lucro de R$ 2 milhões naquele mês.