Título: Presidentes no Brasil ganham mais que os americanos
Autor: Giardino, Andrea
Fonte: Valor Econômico, 14/08/2006, Eu & Investimentos, p. D6
Os presidentes que estão à frente das 12 maiores empresas brasileiras e multinacionais instaladas no país, com faturamento médio de US$ 5,6 bilhões, ganharam 23% a mais no ano passado que o número um das companhias estrangeiras na Europa e 31% acima de seus pares nas múlti presentes nos Estados Unidos. É o que revela pesquisa feita pela consultoria de RH Hay Group, com 2 mil executivos no mundo inteiro - dos quais 130 são CEOs (Chief Executive Officers) e presidentes de subsidiárias/controladas - em 160 companhias.
A remuneração (salário base e incentivos de curto prazo) de um presidente no Brasil foi de US$ 996 mil, em média, enquanto na Europa eles receberam no ano passado US$ 809,3 mil. Já nos Estados Unidos, a média foi de US$ 759,5 mil. Cifras que ficam ainda maiores quando se trata de CEOs que comandam as operações dos principais grupos no Brasil, em que a remuneração chegou a US$ 1,2 milhão. "Os números mostram que os executivos brasileiros estão sendo muito valorizados e o desempenho nos resultados das empresas tem elevado a remuneração do principal homem das corporações", afirma Cláudio Costa, diretor do Hay Group.
Segundo ele, os mais altos salários continuam sendo oferecidos pelos grandes conglomerados. "Os ganhos polpudos da nata dos executivos refletem a estratégia das empresas, focada em resultados de curto prazo, em que o risco fica na mão do número um", observa Costa. Tanto que boa parte da remuneração dos CEOs está atrelada ao pagamento de bônus.
Nos Estados Unidos, os bônus representam 58% do pacote salarial. No México, chegam a 53% e, no Brasil, 44%. Estes dois últimos contam com programas bastante agressivos de bonificação, por acompanhar o modelo americano, que tem uma cultura mais imediatista. Na Europa, por exemplo, representa a metade do salário pago aos CEOs, índice que cai para 35% na remuneração total dos presidentes de subsidiárias da região. "Na Europa, a pressão pelo lucro é menor, mas os salários acabam sendo altos por conta da economia local", diz Costa.
A recompensa por meio de incentivos de longo prazo, como a opção de compra de ações pelos executivos, também continua crescente no Brasil. De acordo com a pesquisa, a quantidade de empresas que concede esse tipo de benefício aumentou bastante nos últimos anos. Para se ter uma idéia, no universo de CEOs que comandam as 12 maiores companhias no país, 67% recebem por meio de incentivos de longo prazo, enquanto entre os presidentes de subsidiárias a proporção é de 75%.
Outro dado interessante refere-se aos salários pagos aos CFOs (Chief Financial Officers) e diretores financeiros. Nos últimos três anos, eles tiveram um ganho real de 14,75%, superando os reajustes concedidos aos outros cargos. Com a crescente demanda por profissionais dessa especialidade, eles se tornaram tão importantes dentro das organizações que hoje já têm o segundo maior salário, perdendo apenas para os presidentes e CEOs. Mesmo com funções similares, o CFO ganha, entretanto, o triplo de um diretor financeiro, ou seja, recebe um salário anual de R$ 415 mil. "Isso porque ele se reporta diretamente ao presidente e tem um grau de responsabilidade maior", explica Costa.
Os CFOs, segundo ele, normalmente são encontrados nos grandes grupos nacionais e empresas abertas e são responsáveis por todas as atividades financeiras da organização. Já o diretor financeiro está presente em subsidiárias, se reporta a um CFO, tem menor autonomia e aplica as diretrizes traçadas pelas matrizes. Tamanho é o risco de suas decisões que o CFO tem uma parcela bem maior de remuneração associada ao pagamento de bônus, chegando a 39%. Na composição do pacote do diretor financeiro, a fatia referente ao salário fixo é de 75%.